quarta-feira, julho 25, 2007

Introspecção

Cada vez mais, uma maior sensibilidade me percorre. No sentir das alegrias. No chorar das tristezas. No olhar. No sentir os outros. Pensava eu que deveria ser ao contrário. Quando mais jovem também mais desprotegida e vulnerável e agora a meio da vida - mais de meio concerteza - deveria proteger-me já aquela couraça feita de experiência e calo. Engano meu.
Já houve tempo em que me distanciei mais dos outros. Agora, em certos casos, quase lhes visto a pele. E como dói vestir-lhes a pele!
No escrever estou cada vez mais introspectiva. Procuro cada vez mais o pormenor. A descrição perfeita de uma paisagem. A impressão exacta que uma determinada côr representa para os meus olhos. O impacto perfeito de um som.
É cada vez mais uma escrita de sentidos onde cada palavra tem que descrever exactamente as minhas sensações. Nem mais ao lado, nem mais ou menos. Quantas vezes fecho os olhos enquanto relembro um determinado sentir e ali fico até encontrar o termo certo que o descreve! Quantas vezes me emociono! Quantas vezes as lágrimas correm imparáveis quando revivo um determinado momento que quero descrever, porque de novo estou dentro dele, tão intensamente o sinto!
Vejo hoje com outros olhos. Mais profundamente. Mais intensamente. Degusto o belo com um intenso prazer. Aprecio cada momento especial como se fosse o último, e sei-o porque o retorno à rotina de todos os dias me deixa entregue a uma intensa tristeza e a uma nostalgia que com dificuldade derrubo.
Apesar de não sentir ou sequer lamentar o avanço da idade vejo que ela me trouxe a compreensão de inúmeras coisas. Pequenas coisas, ... ou talvez grandes coisas sei lá!
Como tudo pode ser tão relativo!
Como tudo pode, num ápice, deixar de ser!

domingo, julho 22, 2007

Café sem vista

Texto retirado

terça-feira, julho 17, 2007

DOIS ANOS

Pois é ! Hoje faz dois anos que ando por aqui !




Gostaria de poder brindar com todos vocês que me visitam, com todos os que já um dia me visitaram e mesmo com aqueles que passam, em silêncio, sem deixar qualquer rasto!



Beijos e abraços para todos e o meu


MUITO OBRIGADA


por todas as palavras!












domingo, julho 15, 2007

O que diz um gesto

Texto retirado

quinta-feira, julho 12, 2007

Um Même

Deste vez foi a Bicho de Conta que me desafiou. Um Même foi-me atribuído, mas de outra espécie. Confesso que esta corrente me deixou desde o início um pouco confusa, principalmente porque me foi difícil perceber o seu sentido. Li as explicações que me foram fornecidas mas tudo me pareceu demasiado filosófico e inatingível. Este no entanto, adquire outros contornos. Bichodeconta fez por se apresentar ou desvendar um pouco de si própria. Vou tentar seguir a sua linha de pensamento e mostrar-me um pouco mais.

Do meu perfil já têm uma pequena amostra: crítica e amiga dos meus amigos. Volúvel e trabalhadora.

- Terra a terra também sou. Prática, essencialmente no raciocínio. Filosofia não é comigo - é demasiado devaneio.
- Optimista por princípio (já sei que ultimamente não parece, mas eu curo-me, garanto!)
- Sou boa ouvinte (poderão garanti-lo todos os que comigo desabafam), mas quando sou eu que preciso, acho que ninguém tem obrigação de me aturar, e guardo ou escrevo.
- Sou tolerante no tracto ( o mundo seria bem melhor se esta qualidade estivesse mais valorizada por aí)
- Adoro o mar. Costumo dizer que renasço no Verão tal é o bem que o sol e o mar me fazem (tinham que estragar tudo com as notícias sobre os malefícios do sol?)
- O meu poema preferido é o Cântico Negro de José Régio. (Não vou por aí e escusam de me perguntar porquê)
- Ouço música e gosto, mas preciso mais ainda dela quando estou triste.
- Sempre gostei de fotografia mas só há pouco tempo adquiri a máquina que me permite fotografar como gosto e agora ... aturem-me nos Meus Olhos !!
- Detesto cozinhar (já é azar ter nascido mulher!) e só o faço ... porque não aguento comer sandwiches todos os dias, não é!
- Tenho um sono de pedra (até hoje é difícil haver algo que me tire o sono) e dizem que às vezes falo a dormir.
- Sou "cotovia" - vivo melhor as manhãs - mas confesso que estou em mudanças: são três da manhã e ninguém me convence a levantar-me amanhã às 8.
- Provérbio: "Os cães ladram e a caravana passa"


Defeitos, defeitos ... será possível que não me ocorra nenhum?
Desafio agora eu! Mana! Zés! Ana! Já que me conhecem de perto, façam o favor de completar o retrato e digam lá os meus defeitos !!! Amigo tem obrigação de saber!

segunda-feira, julho 09, 2007

(Im)perfeição


"Se eu não morresse nunca e para sempre conseguisse a perfeição das coisas" ...

Se eu não morresse nunca ... até buscar e conseguir a perfeição das coisas!

Deixa de te iludir, digo a mim mesma! Cada dia que passa é um dia a menos. Em cada dia a ampulheta esvazia-se um pouco mais e o vidro é opaco e não deixa ver qual a medida que ainda falta.

Por isso Quero. Um pouco mais da Vida!

Por isso Devo. Lembrar-me mais de mim!

Por isso Tenho. Que me obrigar a caminhar de olhos abertos!

... e ver o Sol também onde ele não está.

... e acreditar que sou capaz de dar mais um passo ... e outro ainda ... e saber que não estou só.
(Foto minha)

sexta-feira, julho 06, 2007

Adopção

Quando olhou para mim com aqueles grandes e doces olhos azuis foi como se me dissesse "leva-me contigo". Miar, não sabe ainda bem como fazê-lo. Emite uns sons que mais parecem pedidos de mimo a que eu não sei resistir. Cabe na palma da minha mão e adormece no meu colo com a confiança que apenas um filho tem com a sua mãe. A minha outra companheira - a Shibiuza, que já vos apresentei - recebeu-a com alguma desconfiança. Afinal de contas ela sempre foi a estrela cá de casa ... mas ao terceiro dia de cá estar, já coexistem ambas no mesmo espaço. Quando a mais nova se aproxima com aquele seu ar brincalhão e descontraído, a mais velha coloca o seu ar mais compenetrado de primeira dona desta casa. A pequenita acata o aviso e rodeia o assunto, desviando-se.
E agora o nome: Bábá. Porquê??? Conhecem aqueles bolos ensopadinhos e muito doces com uma bolinha de chantilly e uma tampinha? Adoro-os! Chamam-se bábás. A minha gatita pequenina tem uns olhos doces como o mel e por isso lhe chamei de Bábá. Como a mais velha, provavelmente vai ser chamada de Gata ou outros nomes fofos, quando a ela me dirigir.
O que acham? Não é linda?

domingo, julho 01, 2007

A Pergunta

Conheces a sensação de querer fazer uma pergunta e teres medo de a fazer? O medo da resposta faz com que dilates o tempo, enquanto a pergunta cresce dentro de ti como um cancro que tudo mina e destrói à sua volta.
Conheces a sensação de querer fazer uma pergunta e teres medo da resposta porque a sabes, a adivinhas, a pressentes. No tempo que resta arrastas em cada minuto o seu peso. No tempo que te resta evitas o relógio enquanto dissolves os minutos num caudal de quaisquer outros pensamentos. Até que o peito já não suporta mais o aperto daquela mão fechada. Até que os pensamentos não fluam mais, presos num dique que se recusa a funcionar. Até que a garganta expulse como um vómito aquilo que não pode mais conter.
Com a resposta desaba o frágil muro de areia que construiste e são cacos - milhares de pequenos cacos de ti que queres dissolvidos na voragem do tempo que ainda falta. Com a resposta, o chão ressequido que antes pisavas, em pântano se torna e é nele que te afundas sem vontade de lutar.
Recomeçar de novo! Esperar o momento certo. Reconstruir o muro. Reunir os cacos e fazer a pergunta. Aquela de que tens a certeza da resposta: SIM!