domingo, dezembro 30, 2007

Tchim, tchim !!!!!


BRINDEMOS À CHEGADA DO NOVO ANO !!
TCHIM ...TCHIM
À VOSSA !!
(Imagem Google)

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Natal

Pois é ... o Natal está à porta! Faltam três dias apenas para aquela noite mágica que brilha na imaginação das crianças. E para mim? E para vocês? O que significa o Natal? Seja o que fôr que signifique para cada um dos que me lê, o que importa é que seja passado como cada um mais deseja.
Deixo a todos os que por aqui passam o meu grande abraço e, na impossibilidade de o tornar real, acrescento também o meu sorriso. Isto não só porque é Natal, mas porque vocês merecem !! :-)

(Foto minha)



sábado, dezembro 15, 2007

Passeio




O barco quase vazio percorria o Tejo lentamente. Apenas duas pessoas mais para além de nós, e essas dormitavam, ignorando a paisagem que se oferecia lá fora. O rio manso de um azul forte, pouco contrastava com o céu de um azul intenso aqui e ali esbranquiçado por um maravilhoso pincel mágico. No varandim onde nos encostávamos o sol era uma carícia morna que adoçava a pele enquanto o rio deslizava aos nossos pés. Ao fundo, uma ligeira bruma esbatia o horizonte mas na margem, Lisboa brilhava sob um sol cru que fazia realçar os contornos dos telhados encavalitados nas colinas. Na outra margem, inversamente, dissolvia-se a paisagem numa amálgama confusa de verde e luz. A ponte, vista deste ângulo, tornava-se numa construção imensa que nos aprisionava na nossa enorme pequenez. Passa sobre a nossa cabeça ocultando por momentos o sol, para logo em seguida a vermos distanciar-se lentamente redimensionando-nos de novo.


Lisboa aproxima-se a passos largos. A beira-rio acolhe-nos com os seus reflexos. A luz brilhante fica lá para trás e é ao verde dos jardins que nos rendemos agora. Os passos acomodam-se ao conforto dos pensamentos felizes e é lentamente que conquistamos a tarde que se avizinha. O Padrão dos Descobrimentos enfrenta o rio com a mesma ousadia com que antes enfrentou o passado glorioso ainda hoje guardado naquelas enormes pedras. Há gente que passeia por ali e outros que descansam no paredão aquecido pelo sol. Pequenos barcos desfilam entre as duas margens, as velas brancas enfunadas com orgulho.


Lá no cimo do monumento a vista alcança um maior horizonte. Apetece ficar e saborear cada margem. Apetece fechar os olhos e gozar a carícia deste sol doce de inverno. Apetece ... parar o relógio e ficar para sempre neste único-minuto-presente.


Abro os olhos e registo tudo. Guardo as cores, as sensações e o ruído da cidade. Gravo na pele o calor e a suave brisa que o rio envia. Gravo no olhar a luz e na memória o travo e os aromas.


Guardo tudo com cuidado para que mais tarde, as palavras surjam exactas ... claras ... e de novo o dia se recrie.




(Este passeio ao Padrão dos Descobrimentos teve como objectivo visitar a exposição de fotografia de Pedro Mota "Quatro Ventos Sete Mares", ali patente até 31 de Dezembro 2007, que recomendo.)
(Fotos minhas)

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Recordações

O primeiro dia, foi há tantos anos já! Pelo caminho foram-me falando de ti. Preparando o terreno para o encontro decisivo. De mão dada percorri a rua que me levava a casa enquanto a expectativa crescia dentro de mim. Teria eu sete anos ou talvez seis, já não o sei dizer. Sei apenas que me levaste pelo caminho mais longo. Viraste à esquerda antes da curva, naquela rua de muros altos percorrida. Ganhavas tempo - um tempo preenchido de palavras que eu tentava compreender. Chegados ao portão a expectativa tomava corpo em mim. Provavelmente aguardavas também expectante por detrás das cortinas da sala. Deves ter-nos visto chegar. Aberto o pequeno portão verde, pudeste emfim ver-me por inteiro. O que terás pensado? Ou estarias sentada no sofá, perdida em pensamentos? O ranger do portão a abrir ter-te-á acordado para a realidade, e de um pulo assomaste à janela protegida pela intimidade dos cortinados translúcidos. Eram macias e leves aquelas cortinas. Brancas e translúcidas todas elas, de um tecido acetinado que parecia acariciar os meus dedos de criança.
Ao entrar, recebia-me sempre aquele cheiro profundo das madeiras, desta vez envolvido pelo aroma doce das flores que colocaste num jarrão do corredor. Flores que terias colhido do jardim nessa mesma manhã. E tu, estavas mesmo ali, junto à velha arca a meio do corredor. Lembro o teu ar limpo e singelo. A tua voz meiga e o teu sorriso. A tua inequívoca timidez. O que lembrarás tu desse dia? Como o descreverias tu? O que terás sentido quando me viste entrar por aquela porta?
Já lá vão quarenta e três anos. Tanta vida já correu para nós duas ... Também eu já tenho rugas! Também eu envelheci! No teu rosto de hoje espelha-se tudo o que viveste e nele encontro também o reflexo de parte da minha vida.
Um dia quando partires, parte também a última haste das minhas raízes. O meu derradeiro elo. A última pedra do meu chão. Um dia ...