Sabedoria popular
Mais cedo ou mais tarde vivemos situações que antes, quando vividas pelos nossos pais, eram para nós incompreensíveis. Há um qualquer ditado popular que exprime bastante bem esta situação mas que agora não recordo. A sabedoria popular é sempre perfeita para caracterizar situações comuns ... mas mesmo a essa velha sabedoria eu encolhia os ombros há uns anos atrás quando te via, mãe, a actuar de certa maneira.
Todos quantos a conheceram me dizem que a cada dia que passa me torno mais parecida. Ora nas expressões, ora na forma como apanho o cabelo, ora nas atitudes. Eu própria a descubro em certas gargalhadas, ou até mesmo quando ao espelho a encontro por detrás dos gestos mais banais. Aqui nesta casa que também foi a dela, quase tropeço na sua figura ténue quando à janela me despeço das minhas filhas do mesmo modo que ela sempre se despedia de mim. Durante muito tempo após a sua morte não conseguia virar aquela esquina sem antes olhar para a varanda de onde ela sempre me acenava o último adeus.
Falou-me ela muitas vezes de um gato que teve quando ainda era solteira. Negus era o seu nome. Preto e extremamente vaidoso segundo me dizia, pois adorava passear-se de rabo erguido, frente ao espelho de um antigo móvel da sala. À noite saía pela janela do quarto que ficava prepositadamente aberta, voltando de novo a casa pela madrugada, concerteza muito mais feliz. Já várias vezes pensei porque não arranjou ela um gato para companhia, ela que durante tantos anos viveu só! Tenho a certeza que teria sido bem mais feliz. Não consigo hoje imaginar-me sem os meus gatos. É com eles que falo. São muitas vezes eles que me fazem rir à gargalhada. É com eles que brinco e é deles que recebo o primeiro carinho de cada dia. Tenho a certeza que pressentem as minhas tristezas e quando assim estou, vêm anichar-se ao meu colo e ali ficam partilhando as minhas lágrimas e consolando-me com a sua presença.
Mas pensava eu no início desta conversa que agora a compreendia bem melhor. Não é só nos gestos e nas expressões que me assemelho a ela! É também nas atitudes - hábitos de quem vive só. É na forma como aproveito a hora de almoço para ir às compras. É o rádio que fica a tocar sem sequer o ouvir. É o almoço que se come a qualquer hora e em qualquer lugar - menos no lugar convencional. Pequenas coisas que agora adquiriram significado.
Chega sempre o dia em que o pano cai!
Todos quantos a conheceram me dizem que a cada dia que passa me torno mais parecida. Ora nas expressões, ora na forma como apanho o cabelo, ora nas atitudes. Eu própria a descubro em certas gargalhadas, ou até mesmo quando ao espelho a encontro por detrás dos gestos mais banais. Aqui nesta casa que também foi a dela, quase tropeço na sua figura ténue quando à janela me despeço das minhas filhas do mesmo modo que ela sempre se despedia de mim. Durante muito tempo após a sua morte não conseguia virar aquela esquina sem antes olhar para a varanda de onde ela sempre me acenava o último adeus.
Falou-me ela muitas vezes de um gato que teve quando ainda era solteira. Negus era o seu nome. Preto e extremamente vaidoso segundo me dizia, pois adorava passear-se de rabo erguido, frente ao espelho de um antigo móvel da sala. À noite saía pela janela do quarto que ficava prepositadamente aberta, voltando de novo a casa pela madrugada, concerteza muito mais feliz. Já várias vezes pensei porque não arranjou ela um gato para companhia, ela que durante tantos anos viveu só! Tenho a certeza que teria sido bem mais feliz. Não consigo hoje imaginar-me sem os meus gatos. É com eles que falo. São muitas vezes eles que me fazem rir à gargalhada. É com eles que brinco e é deles que recebo o primeiro carinho de cada dia. Tenho a certeza que pressentem as minhas tristezas e quando assim estou, vêm anichar-se ao meu colo e ali ficam partilhando as minhas lágrimas e consolando-me com a sua presença.
Mas pensava eu no início desta conversa que agora a compreendia bem melhor. Não é só nos gestos e nas expressões que me assemelho a ela! É também nas atitudes - hábitos de quem vive só. É na forma como aproveito a hora de almoço para ir às compras. É o rádio que fica a tocar sem sequer o ouvir. É o almoço que se come a qualquer hora e em qualquer lugar - menos no lugar convencional. Pequenas coisas que agora adquiriram significado.
Chega sempre o dia em que o pano cai!