quarta-feira, julho 25, 2007

Introspecção

Cada vez mais, uma maior sensibilidade me percorre. No sentir das alegrias. No chorar das tristezas. No olhar. No sentir os outros. Pensava eu que deveria ser ao contrário. Quando mais jovem também mais desprotegida e vulnerável e agora a meio da vida - mais de meio concerteza - deveria proteger-me já aquela couraça feita de experiência e calo. Engano meu.
Já houve tempo em que me distanciei mais dos outros. Agora, em certos casos, quase lhes visto a pele. E como dói vestir-lhes a pele!
No escrever estou cada vez mais introspectiva. Procuro cada vez mais o pormenor. A descrição perfeita de uma paisagem. A impressão exacta que uma determinada côr representa para os meus olhos. O impacto perfeito de um som.
É cada vez mais uma escrita de sentidos onde cada palavra tem que descrever exactamente as minhas sensações. Nem mais ao lado, nem mais ou menos. Quantas vezes fecho os olhos enquanto relembro um determinado sentir e ali fico até encontrar o termo certo que o descreve! Quantas vezes me emociono! Quantas vezes as lágrimas correm imparáveis quando revivo um determinado momento que quero descrever, porque de novo estou dentro dele, tão intensamente o sinto!
Vejo hoje com outros olhos. Mais profundamente. Mais intensamente. Degusto o belo com um intenso prazer. Aprecio cada momento especial como se fosse o último, e sei-o porque o retorno à rotina de todos os dias me deixa entregue a uma intensa tristeza e a uma nostalgia que com dificuldade derrubo.
Apesar de não sentir ou sequer lamentar o avanço da idade vejo que ela me trouxe a compreensão de inúmeras coisas. Pequenas coisas, ... ou talvez grandes coisas sei lá!
Como tudo pode ser tão relativo!
Como tudo pode, num ápice, deixar de ser!

28 Comments:

Blogger A. Jorge said...

Sei perfeitamente do que falas. Quase me tiras as palavras da boca (ou as letras do teclado)!
Como tens a minha idade, estou à vontade para dizer isto:
É a ternura dos cinquenta, rapariga! É a altura em que entendemos as coisas de uma maneira mais requintada e em que a nossa sensibilidade está mais refinada de tal maneira que às vezes incomoda.
Mas só às vezes!

Isto dava horas de conversa!

Abraço

Jorge

7:41 da tarde  
Blogger Zé-Viajante said...

...e aqui não parece haver dúvidas.

8:03 da tarde  
Blogger augustoM said...

N�o acho que seja ternura dos cinquenta, mas o amadurecimento da raz�o, onde fr�volo
come�a a dar lugar � harmonia e com esta a introspec�o.
Um beijo. Augusto

9:18 da tarde  
Blogger wind said...

Eu diria que estás mais Pessoa.
Beijos
(hoje foi excepção, sabes o que quero dizer)

11:25 da tarde  
Blogger Maria said...

Sei tão bem o que sentes... e descreves tão bem o que eu sinto...
Lembro-me de ver a minha avó emocionar-se com os netos, dizia ela que era da idade...
Será?

Um beijo, emocionado

6:57 da tarde  
Blogger Bichodeconta said...

E POR MAIS QUE EU QUEIRA EXPLICAR ISSO ÁS PESSOAS ELAS NÃO ENTENDEM A DIMENSÃO QUE A IDADE NOS DÁ.. gOSTO MAIS E MAIS DE MIM NA DIMENSÃO DO TEMPO.. PERDI JOVEALIDADE? PERDI SIM SENHOR!!! MAS CONTABILIZANDO FOI MUITO MAIS O QUE GANHEI... parabéns.

9:15 da tarde  
Blogger Era uma vez um Girassol said...

É especial este tempo, em que vivemos e saboreamos tudo...
Tal e qual descreves!
Penso tanto nisto e sinto-me bem.
Na idade, com o amor, com a vontade de viver e ainda aprender tanto.
E já vou a caminho dos 60...Belo!
Beijinho

9:33 da tarde  
Blogger ESTRELA said...

"Como tudo pode ser tão relativo!
Como tudo pode, num ápice, deixar de ser!"

Dá que pensar...

Beijinhos

11:11 da tarde  
Blogger M. said...

Belíssimos, as tuas palavras e o teu sentir.

11:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Por isso tento fugir ás rotinas.
Por isso tento viver momentos especiais.
Para além de mim existes tu...
Besos doces.

3:07 da tarde  
Blogger Flôr said...

Ontem o blogger andou a gozar comigo...
Apareci como Ana e com o perfil não desponível.
Não sei o que se passou.

Bom fim-de-semana.
Beijinhos

12:38 da manhã  
Blogger Flôr said...

Corrigindo....disponível*

Às vezes acontece...

Bom fim-de-semana
Beijinhos

1:43 da tarde  
Blogger jorge esteves said...

O Tempo também é isso: achar horizontes no próprio horizonte!
Abraço.

3:28 da tarde  
Blogger Su said...

com te entendo....
jocas maradas de tempo

9:03 da tarde  
Blogger Ovelhas Ranhosas said...

Comentem o nosso blog. Um blog que critica tudo e todos. Desde gente famosa a acontecimentos. Um blog a não perder. Divirta-se.

Méé.

9:58 da tarde  
Blogger Paula Raposo said...

Tudo relativo, isso sem dúvida. Que num ápice o tudo passa a nada, também concordo. Agora que com o correr dos anos tenha aprendido alguma coisa, parece-me que não. Mas também não devo ter tempo de aprender...desculpa o desabafo. Um beijo para ti.

2:04 da tarde  
Blogger Cusco said...

Uma bela reflexão para nos fazer reflectir também!
Abraço!

5:42 da tarde  
Blogger A. Jorge said...

Olá!
Vim só desejar boas férias,se for o caso. Para mim é!
Até Setembro!

Abraço

Jorge

http://vagabundices.wordpress.com/

1:16 da manhã  
Blogger Isabel said...

Um bonito momento de introspecção.
Por vezes dou comigo a pensar naquilo a que costumam designar como "o peso da idade"!
Felizmente, chego à conclusão que, até agora, não me "pesou" mas, sim, trouxe-me experiência, recordações e, até com os erros, aprendizagens.
Amiga, demos vivas à nossa idade e às nossas vivências.
Bom fim de semana ou férias.

Bjt

2:53 da manhã  
Blogger DE-PROPOSITO said...

Olá.
Um bonito texto.
Com o passar dos anos tornamo-nos mais insensíveis. Isto é:, aceitamos de outra maneira situações que em jovens nos deixariam de rastos.
De qualquer forma, cada pessoa é como é.
Fica bem.
Um beijinho para ti.
Manuel

2:01 da tarde  
Blogger bettips said...

Tenho a certeza de que comentei aqui... esta introspecção da idade. O meu coment. não aparece mas venho desejar-te um Bom Tempo de Férias, sem idade! Abç

6:23 da tarde  
Blogger Maria said...

Boas férias.......
Um beijo

5:56 da manhã  
Blogger Kalinka said...

OLÁ DULCE
vim hoje visitar-te, mas...parece-me que te encontro de férias.
Virei outro dia.

Começa hoje a verdadeira Odisseia, não de Homero, mas da Kalinka...estás curiosa?
Então...
vem espreitar:
Uma dessas comodidades são as ruas subterrâneas, uma verdadeira cidade por baixo de _____, que permitem que a população transite sem precisar de casaco, botas, gorros e luvas. Ali, a temperatura é normal, talvez até um pouco quente demais. Na cidade subterrânea, as principais ruas do centro são interligadas por túneis, passagens para peões e escadas rolantes que ligam prédios comerciais, estações de metro, áreas de lazer, cinemas e hotéis, facilitando a vida dos peões. São mais de 30 km de extensão, onde as pessoas se encontram protegidas. Os turistas ficam fascinados com isso e, quando voltam da viagem, é só no que falam, como se em ______ não houvesse nada mais interessante que isso.

BOAS FÉRIAS.

8:38 da tarde  
Blogger Bichodeconta said...

Surpresa, entrei por uma porta que desconhecia... Um abraço, Ell

8:17 da tarde  
Blogger ♥ tm said...

como eu me revi, neste post.
:)

11:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

HÁ MUITO - DEMASIADO - TEMPO QUE ESTE ESTE ESPAÇO ESTÁ VAZIO.
ASSIM NÃO VALE.

HÁ UM CARA e UMA COROA.
HÁ DUAS FACES DA MOEDA.

VENHA A MAIS ALEGRE.

2:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ESTE BLOG ESTÁ TERMINANTEMENTE PROIBIDO DE FICAR P A R A D O.

VAMOS LÁ RENASCER !

9:21 da tarde  
Blogger Alecrim said...

Olha, homónima minha, proposta para ti, nos comentários do último post do meu blog. Espreita, p. f.

2:08 da manhã  

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