quinta-feira, junho 21, 2007

Os livros

Desde que me lembro, na minha vida sempre estiveram presentes. Os livros. Lembro-me da dispensa perdida da minha infância com as prateleiras cheias de velhos livros. Eram então os meus oito ou dez anos. Da velha colecção Cosmos eram inúmeros os exemplares. Nessa época não eram os meus preferidos mas revivo sempre as suas capas de cores vivas e páginas amarelecidas, quando todos os anos ainda os encontro em alguns stands da Feira do Livro. As Pupilas do Senhor Reitor e a Morgadinha dos Canaviais contam-se nos primeiros livros que recordo ter lido. Tardes de sonho, meia deitada no sofá da sala, e as páginas a correrem velozes sob os meus olhos.
Os primeiros que comprei e que ainda possuo são de uma velha colecção da Bertrand - Enigmas de todos os tempos. Letras brancas sobre capa preta. Ovnis, fenómenos paranormais, mundos esquecidos ou paralelos, eram os assuntos que mais desafiavam a minha curiosidade. A par vinham os romances. Literatura estrangeira a maior parte das vezes e a partir de certa altura, os livros proibidos. Mao, Engels, Lenine, quase sempre escondidos nas prateleiras mais esconsas de certas livrarias. A poesia atravessou a minha vida por ciclos e sempre a par com outras escolhas.
Livros, livros e mais livros. Os que já li e uma infinidade de outros ainda por ler. Neste momento atravesso uma fase de difícil concentração. Leio umas páginas e depois páro quando me apercebo que o meu espírito está noutro lado, bem longe de onde deveria estar. Assim sendo, os livros ficam mais tempo na mesa de cabeceira. Viajam durante mais tempo comigo. Alternam-se nas minhas mãos. Hoje pego no que estava a ler ontem e amanhã já me apetece ler outra coisa. São fases ... um dia passam e dão lugar a outra ... mais rica de palavras e concentração.
Toda esta conversa porque me desafiaram a citar os últimos livros que li e ao tentar desempenhar essa tarefa, me ter apercebido que têm sido poucos nos últimos tempos.
O desafio foi-me proposto pela Isabel do blog Bom Dia Isabel, pelo Afonso, do blog O Mundo em dois Minutos, o Luís Manuel do blog Heliasta e o da blog Trans-Atlântico.
Aqui vão:

- Aroma de Radhika Jha (lido de um fôlego)
- Quase gosto da vida que tenho de Pedro Paixão (volto sempre a este autor)
- As pequenas memórias de José Saramago (aqui a simplicidade da escrita)
- Los aires difíciles de Almudena Grandes (ainda em trânsito)
- Contos exemplares de Sophia de Mello Breyner (relido após tantos anos já)
- O Livro do Desassossego de Fernando Pessoa (de vez em quando mais um pouco)
- Kafka à Beira-mar de Haruki Murakami (aquele que me acompanha agora)
- Tempo de Cinza de Manuel Filipe (para ir degustando)

Acho que me deixei levar e citei demasiados mas em contrapartida não nomeio ninguém para me seguir.

Permitam-me ainda por fim, relembrar os Direitos Inalienáveis do Leitor

1º O direito de Não Ler
2º O direito de Saltar Páginas
3º O direito de Não Acabar um Livro
4º O direito de Reler
5º O direito de Ler Não Importa O Quê
6º O direito de Amar os "Heróis" dos Romances
7º O direito de Ler Não Importa Onde
8º O direito de Saltar de Livro em Livro
9º O direito de Ler em Voz Alta
10ºO direito de Não Falar Do Que se Leu

17 Comments:

Blogger Bichodeconta said...

E sempre os livros também na tua vida.. Que bom saber esse gosto pela leitura.. Infelizmente há quem não leia, pelas mais diversas razões.. Ou não gosta, ou ler não é um hábito que lhe esteja arreigado.. Não sei como seria viver sem livros, mas era de certeza uma vida muito mais entediante.. Amo os meus livros.. Gosto de os sentir, de lhes mexer, de lhes sentir o cheiro e a textura.. De os folhear e gostosamente ler.. Um abraço.

5:40 da manhã  
Blogger Zé-Viajante said...

11º O direito de Amar os livros que nos oferecem

8:13 da manhã  
Blogger Luis Eme said...

Também sempre amei os livros... e não posso visitar feiras e alfarrabistas, compro sempre pequenas "inutilidades"...

10:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Também eu não vivo sem livros.
Agora por exemplo estou à espera de um de uma escritora portuguesa de seu nome Dulce Lázaro...
Enfim acho que o livro ainda está no prelo...
Por isso, olha, enquanto espero estou a reler A Sala das Perguntas de Fernando Campos.
Gostei muito do teu texto e adorei aprender os direitos do leitor.

Bjs.
Escrevi

11:02 da manhã  
Blogger Besnico di Roma said...

Por falares no senhor Franz Kafka, refiro como curiosidade que já visitei a sua modesta casinha em Praga. Se a memória não me atraiçoa, não te esqueças que sou amnésico, é o n.º 22 da rua denominada por “Passagem dos Alquimistas”
Pois, mas não li ainda nada do que ele escreveu. (artigo 1º dos direitos inalienáveis do leitor)
Mas quem é que quer saber de Kafka, quando há uma Dulce Lázaro para ler?

1:17 da tarde  
Blogger A. Jorge said...

O teu percurso de leitura, é mais ou menos parecido com o meu, embora a minha vida não me permita ler tanto quanto queria.
Adorei os "direitos do leitor".
Agora, só me resta dizer que concordo a 100% com o que disse o "Besnico di Roma" na segunda parte do seu comentário!
;)

Abraço

Jorge

7:55 da tarde  
Blogger Flôr said...

Aqui, deixo um grande sorriso, que de amarelito não tem nada....

:)

Beijinho

7:55 da tarde  
Blogger poetaeusou . . . said...

/
kafka á beira - mar
,
só dulce
,
ji
/

9:08 da tarde  
Blogger paulotpires said...

Tal como tu, também sinto que os livros me acompanham desde sempre, e tal como tu, também sinto neste momento que lhes começo a dever alguma coisa... tenho-lhes dado pouca atenção... este fim de semana vou tentar começar outro...

11:57 da tarde  
Blogger mfc said...

Lembro-me de ter começado com aqueles livros de pano que eram lindíssimos!
Depois foi a "Biblioteca dos Rapazes".

Ahhh, mas antes disso foram o "Cavaleiro Andante" e o "Mundo de Aventuras"!

1:51 da manhã  
Blogger o alquimista said...

O beijo da bruma com a água, é dança de dispersos sonhos, perdidos no silêncio desta baía, por longos e agrestes caminhos. Sentei-me! No peito ausência, a luz não tem hora, a paixão solta de amarras, que teima em não ir embora. Gira a vida em sua roda, invisível, celebro os dons da terra com a aurora, no espelho desta lagoa em arrepio, vejo um conhecido rosto que chora.


Bom fim de semana


Doce beijo

11:22 da tarde  
Blogger perplexo said...

Muito bem, especialmente os Direitos!

1:24 da manhã  
Blogger Boop said...

Para mim ou os livros são sentidos como boa companhia, ou entãom simplesmente não leio!
Por isso sou tão irregular na leitura!

7:35 da tarde  
Blogger Zé-Viajante said...

Desafio:
Não há ninguém que vá ver os Azulejos, Além de Mim ?

11:17 da manhã  
Blogger Elsa said...

Este comentário foi removido pelo autor.

12:34 da tarde  
Blogger Elsa said...

(ops... apaguei o outro comentário...)
Ok... Gostei de recordar os direitos do leitor!!
E deixei-te no Delirios2004 algumas das minhas leituras que podes ter como livros de cabeceira nos próximos tempos...
Espero que estejas bem Amiga!
Ainda não sei quando volto porque estou a aadorar este país...!!!
BEijossssssssssss!!!

Ps.... Para o Besnico di Roma... O Kafka que a Dulce fala aqui nao tem nada a ver com o escritor... :o)))

12:43 da tarde  
Blogger Besnico di Roma said...

Para a Dulce e em resposta à “ELSA”
Tens toda a razão, mas não muda nada, não conheço “ambos os dois”
Artigo 1º dos direitos inalienáveis dos ignorantes – Não querer saber.
Por outro lado estou ciumento, nunca pensei… uma confissão que me apanhou desprevenido - Haruki Murakami (aquele que me acompanha agora)
Não, não me mereces… uma mulher que acompanha um tipo com um nome desses… “vai de metro”, mulher satânica!
Valha-me Deus, estou a ficar maluco, o que me havia de dar para escrever.
Fiquem bem meninas. Beijocas para todas, eu prometo que volto a tomar os medicamentos…

12:58 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home