Peço desculpa por esta interrupção ...
Hoje não vivi. Passei incólume por cada hora do dia. Inerte. Apática. Solitária.
Hoje não vivi. Sobrevivi. Deixei que cada hora resvalasse em mim sem me tocar sequer. O rosto sério. Impassível e intocável.
Hoje não vivi. Como um efeito especial no cinema. O actor parado - suspenso - e o mundo no seu ritmo vertiginoso e indiferente.
Por vezes é preciso parar. Resguardar a nossa vida interior. Embalar os nossos sonhos com melodias inventadas ou exprimir a dôr como se o presente não existisse e o futuro fosse uma mera invenção. Olhar para o que as nossas mãos encerram e repetir, uma e outra vez, que é apenas isto que as nossas mãos encerram. Nada mais! E depois, ao fim do dia, finalmente dormir e deixar que os sonhos, os verdadeiros sonhos - os da noite - despontem, pintados da côr que mais quero. Anarquicamente colados. Patéticos, dourados e loucos. Agora finalmente incontrolados.
Hoje não vivi. Sobrevivi. Deixei que cada hora resvalasse em mim sem me tocar sequer. O rosto sério. Impassível e intocável.
Hoje não vivi. Como um efeito especial no cinema. O actor parado - suspenso - e o mundo no seu ritmo vertiginoso e indiferente.
Por vezes é preciso parar. Resguardar a nossa vida interior. Embalar os nossos sonhos com melodias inventadas ou exprimir a dôr como se o presente não existisse e o futuro fosse uma mera invenção. Olhar para o que as nossas mãos encerram e repetir, uma e outra vez, que é apenas isto que as nossas mãos encerram. Nada mais! E depois, ao fim do dia, finalmente dormir e deixar que os sonhos, os verdadeiros sonhos - os da noite - despontem, pintados da côr que mais quero. Anarquicamente colados. Patéticos, dourados e loucos. Agora finalmente incontrolados.
14 Comments:
Dias sobreviventes...beijos
Há dias em que me sinto assim... e só porque acredito que «o sonho comanda a vida», consigo despertar fresca na madrugada, depois da noite escura, com um sorriso nos lábios e pronta a enfrentar o dia que se avizinha.
Um abraço.
PS: sábado há "Poesia Vadia". Se puderes, aparece.
deslumbrante
como todos os outros textos...
hoje sinto-me um pouco assim, estou em casa doente, e ninguém se dispôs a me vir fazer uma canjinha de galinha...
Não me parece que adiante muito separar os sonhos da noite dos sonhos do dia: em ambos, eles são tecidos com a nossa pele...
Abraços!
Já somos dois, não é?
Gostei muito...
Também sonho durante o dia, acordada...muitas vezes!!!
Beijinhos
Gostei de ler, por vezes tenho dias assim...
Continuas muito fechada, introspectiva e sinto identificação:)
beijos
Que se passa, homónima minha?
Um beijo.
"E depois, ao fim do dia, finalmente dormir e deixar que os sonhos, os verdadeiros sonhos - os da noite - despontem, pintados da côr que mais quero. Anarquicamente colados. Patéticos, dourados e loucos. Agora finalmente incontrolados."
daqueles parágrafos que nos tocam. Belíssimo todo o texto!
Estás desculpada. Mas não repitas… se não zango-me...
Beijitos
Quem não tem dias deste?
Gostei muito!
Um abraço
Jorge
http://vagabundices.wordpress.com/
Não quis ir embora sem vir aqui.
Falta que me persegue, pela ausência.
Não ! Viveste sim senhor !!! De uma outra forma. O que não quer dizer da melhor - forma. Mas viva !! e capaz de aguardar pelos sonhos da noite.
Um beijo amiga
Bem me parecia que não estavas. É que toquei, toquei... espreitei e vi-te na penumbra sem perceber... chamei mas foram-me devolvidos os gritos... cantei e os rios correram... assobiei sem susto... deixei tantas palavras que acho que me inundei...
Bem me parecia que deveria ter estado quieto. No incontrole dos silêncios.
Terei vivido?
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