sábado, março 31, 2007

"O tempo" ou "Quando o tempo se torna uma obsessão"

Do outro lado do fio chegam-me sons familiares. A voz baixa e a respiração. Por alguns minutos apenas a respiração - compassada. Eu falo. Respondo ou relato. Não sei se ao outro lado do fio as frases chegam com sentido, mas continuo a falar. Curtas interjeições são a resposta que obtenho. Depois o silêncio. Calo-me também e fico presa naquela frágil bola de sabão que ambos quisemos. Abóbada protectora em que nos refugiamos. Íntimo abraço. Toca.
Repouso a testa na palma da minha mão e fecho os olhos. Abandono-me. Saio do meu corpo e vou ao teu encontro. Naquela concha onde os silêncios são berço e as palavras carícia. Percorro os trilhos invisíveis desse silêncio que me ofereces e deixo-me levar por uma vontade a que é impossível resistir.
O coração bate mais devagar enquanto o pensamento se atropela num emaranhado de imagens.
O ontem a projectar-se no futuro, e o futuro ... já amanhã, afinal!
Apenas o tempo de uma palavra. Por inventar!
O tempo de um gesto. Por criar!
Haverá ainda tempo?

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Concerteza que haverá tempo.
BKT

10:31 da manhã  
Blogger José said...

Estes últimos tempos aprendi...
a parar o Tempo e não parar no Tempo.
Beijinhos e um bom fim de semana.

2:43 da tarde  
Blogger Maria said...

Haverá sempre Tempo, Dulce...
... se quisermos...

Um beijo

7:06 da tarde  
Blogger poetaeusou . . . said...

///
Saio do meu corpo e vou ao teu encontro
/
b)
///

9:58 da tarde  
Blogger wind said...

Belo e há tempo sim:)
beijos

1:04 da manhã  
Blogger Worldinare said...

O tempo é uma marca como a Coca-cola.
A gente bebe um copo e enquanto bebemos, aquele sabor característico na nossa boca. Um sabor que não conseguimos explicar como é. Dizemos apenas, são bolhas de gás vibrantes que mal nos deixam sentir o gosto.
Quando acabamos, tudo se foi e principalmente o sabor. Não me consigo lembrar. Para me lembrar, tenho que voltar a saborear.
E como faz o tempo?
O tempo deixa-nos sentir as emoções. Vivemo-las intensamente. Depois de tudo terminar, o que resta? Como é o sabor do teu beijo? Como é sentir a tua mão no meu rosto? Como é ficar a olhar nos teus olhos e querer viver tudo tão intensamente?
O tempo domina a nossa vida. Vivemos ao seu sabor. Tomamos as decisões que nos afectarão para sempre. É a luta do que podíamos ter feito e não fizemos. O tempo comanda os sonhos.
Curioso…
Fico a pensar se será mesmo ridículo dizer já não tenho muito tempo, pois perdi-o. Olhar para a frente e ver-me ainda na juventude quando tanta gente já passou por ela. Na verdade eu chego à conclusão que não. Ao ver um “velho” de bengala não me faz pensar que tenho todo o tempo do mundo. A verdade é que o “velho” já chegou a “velho”. Eu ainda estou aqui. Por isso eu, jovem, egoísta, acho-me no direito de fazer essa pergunta para mim. Haverá ainda tempo? Tempo para voltar a beber o copo de coca-cola e sentir de novo o sabor.

6:16 da tarde  

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