quinta-feira, novembro 16, 2006

Roteiro

Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se carácter custa caro
pago o preço.

Pago embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso.

Um rio, só se fôr claro.
Correr, sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro
- não paro nem mereço.

E que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
Não sou nem serei avaro
- se carácter custa caro
pago o preço.

Sidónio Muralha, "Poemas" Editorial Inova, Porto, p.196

21 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Feitio moral, tem mesmo preço!
Agora moralmente é justo outros pagarem?
Mas homem não tem avesso...
Grande capacidade que mostras nestas tuas escolhas.
Beijinho

Parar é morrer!
"acho que acertei"

7:15 da tarde  
Blogger Maria Carvalho said...

Interessante jogo de palavras! Beijos.

7:26 da tarde  
Blogger wind said...

Excelente!
Deste gostei:)
beijos

7:37 da tarde  
Blogger JPD said...

Nem mais!
Não conhecia este poema.
Acho-o giro.
Bjs

7:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Obrigado Dulce.
Ao devorar o Poema, eu não consigo ler um Poema, é literalmente devorado. Recordei os meus avós.
Eu que avô sou. E que por terem caracter, não conquistaram os Reinos da Terra!!!.
Chego ao fim do dia exangue.
E em cada maré me faço ao mar.
(é certo que sem esperança de voltar).
Casa dia renovo o antigo sangue.
De antigo pescador navegar.
Cada manha que nasce as roupas visto.
Com que o meu avô foi companheiro e arrais.
Faço-me ao frio á vaga aos vendaváis.
e vou por esse mar de Cristo.
Buscar o que não dos ideais.
É por isso que chego á noite a casa.
Com as mãos cheias de vazios magoados.
Os pés ensanguentados.
O sangue morto de apagada brasa.
O coração e os olhos naufragados.
poetaeusou(avô)

8:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Item) Buscar o que não há dos ideais
in) José Soares (Poeta Nazareno)
poetaeusou

8:29 da tarde  
Blogger Boop said...

Pago o preço!
Nem sempre caro, de se ser quem se é!

;-)

10:40 da tarde  
Blogger Era uma vez um Girassol said...

Sim, também pago o preço...
Muito bonito este poema, não conhecia
Beijinhos

12:50 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Dei com seu blog procurando um texto do Miguel Esteves Cardoso. Quando li que vc "é crítica, muito crítica. Amiga dos seus amigos. Volúvel e trabalhadora" pensei, este sou eu, ela deve ser de virgem. Acertei. Acho que devo ser sua versão homem e vc minha versão mulher.
abraços
ps não critique meu comentário, foi feito com muito carinho :)

8:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

OUTRA VERTENTE-OUTRO VER-OUTRA ???
Eu vejo do meu quarto de dormir
Uma estrelinha
Miudinha
A luzir...
Mas se o sol é tão grande
E tanto brilha
A estrelinha
Miudinha
É certamente sua filha.
E enquanto o Pai Sol
Enorme
Dorme,
Ela vai passear
Todas as noites...
Quando o Pai Sol acordar,
A estrelinha
Miudinha
............
Vai-se logo deitar.
in) SIDONIO MURALHA
poetaeusou(diversificado)

11:39 da tarde  
Blogger Zé-Viajante said...

Os poemas lindos que a Dulce escolhe (quando não os escreve )

2:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Onde estás, irónico sorriso ???
Só para alvitrar, um óptimo Sorriso.
poetaeusou(saudoso)

12:49 da tarde  
Blogger DE-PROPOSITO said...

Um poema dum poeta que desconheço. É evidente que não se pode conhecer ou saber tudo. Até os deuses já abandonam muitas pessoas, certamente por falta de tempo, ou porque já se inseriram no sistema e passaram a ter fárias certamente relacionadas com as avaliações que os deuses maiores vão fazendo.
Fica bem.
Beijos.
Manuel

2:10 da tarde  
Blogger mfc said...

Um poema de determinação...um poema da força interior!

3:36 da tarde  
Blogger esse said...

Cada vez mais se recusa pagar o preço, o alto preço, de lutar pelas convicções e valores próprios...será da crise? Ou das avaliações?

Beijo

11:43 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Parar, não paras mas desde 16 (CINCO DIAS) que não há encantamento.

11:44 da manhã  
Blogger augustoM said...

Ter carácter hoje em dia paga-se muito caro a ousadia.
Um beijo. Augusto

1:36 da tarde  
Blogger augustoM said...

Ter carácter hoje em dia paga-se muito caro a ousadia.
Um beijo. Augusto

1:37 da tarde  
Blogger Aldina Duarte said...

A falta de carácter é, a médio prazo, a mesma despesa paga repetidas vezes... ainda que muitas vezes pareça que compensa pelo muito tempo que demora a fazer-se justiça, além do mais, é preciso ter feitio :-D!

Até sempre

6:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quando mitigarei a minha sede?.
Bué de curtição !!!
poetaeusou(nostálgico)

4:14 da tarde  
Blogger Teófilo M. said...

Obrigado por me ter dado a conhecer este poeta.

12:15 da tarde  

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