Nostalgia
A nostalgia do primeiro dia de chuva. Acordar - a noite ainda menina - e o ruído da chuva lá fora a ganhar terreno ao sonho. Aos poucos, a percepção da realidade. O quarto ilumina-se com aquele clarão violento e esbranquiçado que precede o trovão. Ficam os sentidos alerta para o próximo estrondo ... para mais um estremecimento, até que o sono ganhe de novo a parada quando me aconchego e enrolo à procura do silêncio e do esquecimento.
No clarear do dia surpreende-me de novo o cinzento triste do céu que entrevejo através das cortinas - aquela luz mortiça própria dos dias de Inverno. Sei que chove. Ouço na estrada o ruído provocado pelos carros que rolam no piso molhado.
Penso que não me apetece nada levantar. Porque não ficar aqui? Enganar o relógio e a rotina e adormecer como se a noite apenas agora começasse?
Ponho os braços fora da roupa e logo arrefeço. É o frio que volta.
O telemóvel vibra pela décima vez lembrando-me que está na hora. Mas hora de quê? pergunto-me. Definitivamente desligo-o e começo a inventar desculpas para ficar ali. Perco-me em conjecturas complicadas e sonhos com o príncipe encantado. Dentro de casa o silêncio é completo. Volto-me para o outro lado e entreabro os olhos para avaliar a luz que me chega da rua.
Tenho que me levantar! Tenho fome! Os sentidos já despertaram por completo e obrigam-me a encontrar justificações para me pôr de pé. Tão diferente, este levantar em dias de chuva! Tão diferente dos dias longos e claros do Verão em que acordo, e como uma mola, salto da cama.
Agora já com o pequeno almoço tomado e sentada à mesa do café, vejo pela montra a chuva que cai. Quero concentrar-me naquele ruído gostoso que ouvi de manhã na minha cama provocado pelo atrito das rodas no piso molhado, mas aqui dentro nem a música de fundo consigo distinguir com clareza. O ruído das conversas sobrepõem-se. A chuva é tema de conversa. São as primeiras ... compreende-se. Fala-se das botas que se foram buscar ao fundo do armário. Da chatice de carregar os chapéus de chuva.
É o Outono que começa. E com ele regressa alguma nostalgia.
A lembrança de Invernos passados! Do aconchego morno dos cachecóis e casacos de lã. O aroma das castanhas assadas. O conforto quando à noite me cubro com o edredão. O capuccino que aquece o corpo e alma. As mantas sobre os joelhos. Tudo isto acorda esta nostalgia dos primeiros dias de chuva!
No clarear do dia surpreende-me de novo o cinzento triste do céu que entrevejo através das cortinas - aquela luz mortiça própria dos dias de Inverno. Sei que chove. Ouço na estrada o ruído provocado pelos carros que rolam no piso molhado.
Penso que não me apetece nada levantar. Porque não ficar aqui? Enganar o relógio e a rotina e adormecer como se a noite apenas agora começasse?
Ponho os braços fora da roupa e logo arrefeço. É o frio que volta.
O telemóvel vibra pela décima vez lembrando-me que está na hora. Mas hora de quê? pergunto-me. Definitivamente desligo-o e começo a inventar desculpas para ficar ali. Perco-me em conjecturas complicadas e sonhos com o príncipe encantado. Dentro de casa o silêncio é completo. Volto-me para o outro lado e entreabro os olhos para avaliar a luz que me chega da rua.
Tenho que me levantar! Tenho fome! Os sentidos já despertaram por completo e obrigam-me a encontrar justificações para me pôr de pé. Tão diferente, este levantar em dias de chuva! Tão diferente dos dias longos e claros do Verão em que acordo, e como uma mola, salto da cama.
Agora já com o pequeno almoço tomado e sentada à mesa do café, vejo pela montra a chuva que cai. Quero concentrar-me naquele ruído gostoso que ouvi de manhã na minha cama provocado pelo atrito das rodas no piso molhado, mas aqui dentro nem a música de fundo consigo distinguir com clareza. O ruído das conversas sobrepõem-se. A chuva é tema de conversa. São as primeiras ... compreende-se. Fala-se das botas que se foram buscar ao fundo do armário. Da chatice de carregar os chapéus de chuva.
É o Outono que começa. E com ele regressa alguma nostalgia.
A lembrança de Invernos passados! Do aconchego morno dos cachecóis e casacos de lã. O aroma das castanhas assadas. O conforto quando à noite me cubro com o edredão. O capuccino que aquece o corpo e alma. As mantas sobre os joelhos. Tudo isto acorda esta nostalgia dos primeiros dias de chuva!
7 Comments:
É tal e qual como muito bem escreveste. Também me sinto nostálgica no Outono, a minha estação preferida é a Primavera.
A tua descrição está excelente, vais aos mais pequenos pormenores...mesmo com nostalgia:)
beijos
Texto muito bom.
Outono e Primavera são as minhas estações preferidas.
O Outono que realmente me faz acompanhar-te nesse sonho de nostalgias ainda não chegou. Lá para NOvembro é quando estará no ponto.
Bjs
Pois é. Ontem, fui muito mais radical no poema que escrevi!! Mas as tuas palavras chegaram completas à minha pessoa! Beijos.
Um dia escrevi que a chuva eram anjos a chorar pelos que não têm tempo, nem lágrimas nem coragem para o fazer... desde esse pensamento penso sempre que a chuva quando apqrece está a ser amiga de alguém que precisa. No verão nunca é preciso porque o calor não nos deixa pensar e as lágrimas saem pelo suor quer queiramos quer não!?
Até sempre
Ai, mais chuva e edredons, que coisa...mas tá giro.
Gostei, lembrei, senti o aconchego...Edredon, manta sobre os joelhos, chuva lá fora caindo, mente entorpecida, preguiçosa.
E as castanhas...Huuuummmm....
Sons, toques, cheiros, sentires de Outono...
Obrigada por lembrares, Dulce.
Beijo
Castanhas assadas - das puras, verdadeiras - num dia de chuva.
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