Desistir
Um dia perguntaste-me o que faria se morresses. Respondi-te com um nó na garganta, que desistiria de viver. O silêncio e a perda resumidos num gesto. Concentrados numa única palavra: Desistir.
Lembrei-me desta conversa hoje e agora, e recordo igualmente outras pessoas que me dizem muito ou que foram e continuam a ser para mim, referência obrigatória.
Lembrei-me de ti com quem falei ainda há pouco. Sentado no mármore do banco improvisado, à espera. E revi-te. Os ombros curvados sob o peso da vida. O semblante triste. No fundo do olhar procuro uma réstea de entusiasmo, a sombra de uma travessura que espreita, e apenas encontro a desilusão e o cansaço. A vontade de desistir que tanto me assusta. Os braços caídos. O querer amordaçado por amarras e mordaças.
Depois ... voltei atrás, e recordei que ela também desistiu. Nunca antes o havia feito. Uma vida construída com a força de uma vontade de ferro. Contra tudo e contra todos se necessário fosse. Remando contra a maré ... quantas vezes, e tantas outras com ventos contrários ...
E no fim - no fim a consciência de que nada mais havia por que lutar. Apenas lhe restava desistir. E ao desistir, a morte ganhou terreno - avançou onde já não havia barreiras. Avançou, e vitoriosa, arrebatou-a.
Tenho medo dessa atitude. Dessa vontade de desistir. Dessa abertura que liberta o caminho à derrota e à morte.
Tenho medo de mais uma vez não ter os meios para a combater. Porque não está nas minhas mãos. Essa luta não é minha. E no entanto, conheço esse sentimento. Sei que um dia poderei vir a senti-lo. Sei que um dia posso soçobrar perante algo que não posso combater. E só me restará um caminho: Desistir.
Lembrei-me desta conversa hoje e agora, e recordo igualmente outras pessoas que me dizem muito ou que foram e continuam a ser para mim, referência obrigatória.
Lembrei-me de ti com quem falei ainda há pouco. Sentado no mármore do banco improvisado, à espera. E revi-te. Os ombros curvados sob o peso da vida. O semblante triste. No fundo do olhar procuro uma réstea de entusiasmo, a sombra de uma travessura que espreita, e apenas encontro a desilusão e o cansaço. A vontade de desistir que tanto me assusta. Os braços caídos. O querer amordaçado por amarras e mordaças.
Depois ... voltei atrás, e recordei que ela também desistiu. Nunca antes o havia feito. Uma vida construída com a força de uma vontade de ferro. Contra tudo e contra todos se necessário fosse. Remando contra a maré ... quantas vezes, e tantas outras com ventos contrários ...
E no fim - no fim a consciência de que nada mais havia por que lutar. Apenas lhe restava desistir. E ao desistir, a morte ganhou terreno - avançou onde já não havia barreiras. Avançou, e vitoriosa, arrebatou-a.
Tenho medo dessa atitude. Dessa vontade de desistir. Dessa abertura que liberta o caminho à derrota e à morte.
Tenho medo de mais uma vez não ter os meios para a combater. Porque não está nas minhas mãos. Essa luta não é minha. E no entanto, conheço esse sentimento. Sei que um dia poderei vir a senti-lo. Sei que um dia posso soçobrar perante algo que não posso combater. E só me restará um caminho: Desistir.
7 Comments:
Prosa muito intensa e forte.
Já senti isso muitas vezes e muitas vezes me ergui.
Um dia talvez como tu, algo aparecerá que não me deixará seguir o caminho para agarrar a corda para me levantar e aí só terei de desistir.
beijos
Não, não consigo escrever nada AQUI.
Desistir agora, NUNCA! Agora que com os anos da vida apreendemos, vamos viver os restantes com a sabedoria e paixão que temos! Até um dia…
Adorei...
Hoje estou com muito pouco tempo,mas logo que possa volto aqui para ler tudo!
Triste, embora bonito.
Ah amiga,
Quantas vezes já, não finjo,
Senti essa sensação que nos derrota,
Essa vontade imensa de desistir...
Mas sempre que a pressinto, olho-a a rir
E sem boas maneiras abro-lhe a porta,
Sacudo-a de mim e cerro os dentes,
Cerro os punhos e grito como os dementes:
Venha lá o que vier,
Vale a pena sempre viver!
um sentir que entendo muito bem...
psstt não desistas
jocas maradas
Enviar um comentário
<< Home