sexta-feira, setembro 08, 2006

Eu te amo

Se já perdemos a noção da hora
Se juntos jogamos tudo fora
Me conta como hei-de partir!

Se, ao te conhecer, dei p'ra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz para onde é que inda posso ir!

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir!

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu!

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu.

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara vou sair.

Não, acho que estás só fazendo de tonta
Te dei meus olhos p'ra tomares conta
Agora conta como hei-de partir

Chico Buarque de Holanda

9 Comments:

Blogger Worldinare said...

A você, com amor

O amor é o murmúrio da terra
quando as estrelas se apagam
e os ventos da aurora vagam
no nascimento do dia...
O ridente abandono,
a rútila alegria
dos lábios, da fonte
e da onda que arremete
do mar...

O amor é a memória
que o tempo não mata,
a canção bem-amada
feliz e absurda...

E a música inaudível...

O silêncio que treme
e parece ocupar
o coração que freme
quando a melodia
do canto de um pássaro
parece ficar...

O amor é Deus em plenitude
a infinita medida
das dádivas que vêm
com o sol e com a chuva
seja na montanha
seja na planura
a chuva que corre
e o tesouro armazenado
no fim do arco-íris.

in Poesia completa e prosa: "Poesias coligidas"
de Vinicius de Moraes

2:07 da manhã  
Blogger Su said...

excelente escolha
jocas maradas

2:31 da manhã  
Blogger Maria Carvalho said...

Adoro esta canção do Chico Buarque!!! Ouvi-a vezes sem conta. Foi um prazer recordar este poema aqui, hoje. Obrigada. Beijinhos.

6:51 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

" Me explica com que cara vou sair."

Comigo, né ?

Cara

8:51 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu sou aquele de cima...

8:53 da manhã  
Blogger luis manuel said...

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos

MOURÃO-FERREIRA, David, "Música de cama", p.73

(publicado em 09/09/2005)

É assim... o gosto, o entusiasmo, a alegria de voltar a ler.

Hoje, Chico Buarque.

No meio desta reafirmação de amor, a questão desse sentimento por vezes errante, na procura do caminho a seguir ou de uma forma de partir.

"Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu! "

Junto um pouco "deste" cantado também :

De todas as maneiras que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

______________________________


Um beijo, amiga

(Há muita palavra lida, e mesmo guardada em papel, dos muitos dias que se têm passado.A certeza que aquilo que vai "para além de mim" não se esgota, e se revela sempre.
Fielmente.)

2:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Dizer o quê?.... mas o quê, mesmo!

SABIAS O QUE DICHER?

Xabia.

ENTÃO CALATE!

3:09 da tarde  
Blogger wind said...

Chico Buarque é um Sr. que tem um dote para escrever letras e músicas lindas. Esta é uma delas e com um significado belo:o Amor.
beijos

10:21 da tarde  
Blogger Era uma vez um Girassol said...

Lindo, lindo!!!
São poemas, as suas letras...
Delícia...Tom Jobim!
Saudade...
Bjs

11:11 da tarde  

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