Fantasia
O chão era de areia - irregular e áspero. As árvores dispunham-se em fileiras bem arrumadas. Cintadas. Marcadas. Os seus limites bem vísíveis na noite.
Mesas de pedra. Gente que fala. Come. Bebe. Ri. No palco tosco ao fundo uma banda toca. Uma música que me agrada espalha-se sobre nós.
Sentamo-nos num daqueles bancos de pedra e por ali ficamos, presos da vulgaridade de uma festa de Verão. Olho à volta e descubro-os. Dois vultos na secreta obscuridade atrás do palco. Dançam. Bem juntos - mal se mexem. Por vezes revolteiam um pouco ao som de um acorde mais vibrante. Quando a música pára, param também, presos de uma imobilidade que os agarra, para logo depois recomeçarem num movimento lento e dolente que os embala.
Vejo-lhes apenas os perfis. Olham-se. Beijam-se. As cabeças encostadas. As mãos dela no seu pescoço, deslizam por vezes pelos seus cabelos. As mãos dele na sua cintura, deslizam por vezes pelas suas costas.
"What a wonderful world" toca agora. A voz do vocalista - rouca - tenta imitar o original. Os meus amigos distraem-me a atenção para a sua conversa e desvio o olhar do par que dança.
Quando os procuro de novo já não os encontro.
Olho à minha volta. Procuro um casal de mãos dadas. Um abraço. Um perfil. Já não os encontro. Vou atrás do palco. Na areia as marcas dos passos não se distinguem.
Quase duvido do que vi.
Um par secreto atrás de um palco?
Um palco num jardim?
Uma noite?
Mesas de pedra. Gente que fala. Come. Bebe. Ri. No palco tosco ao fundo uma banda toca. Uma música que me agrada espalha-se sobre nós.
Sentamo-nos num daqueles bancos de pedra e por ali ficamos, presos da vulgaridade de uma festa de Verão. Olho à volta e descubro-os. Dois vultos na secreta obscuridade atrás do palco. Dançam. Bem juntos - mal se mexem. Por vezes revolteiam um pouco ao som de um acorde mais vibrante. Quando a música pára, param também, presos de uma imobilidade que os agarra, para logo depois recomeçarem num movimento lento e dolente que os embala.
Vejo-lhes apenas os perfis. Olham-se. Beijam-se. As cabeças encostadas. As mãos dela no seu pescoço, deslizam por vezes pelos seus cabelos. As mãos dele na sua cintura, deslizam por vezes pelas suas costas.
"What a wonderful world" toca agora. A voz do vocalista - rouca - tenta imitar o original. Os meus amigos distraem-me a atenção para a sua conversa e desvio o olhar do par que dança.
Quando os procuro de novo já não os encontro.
Olho à minha volta. Procuro um casal de mãos dadas. Um abraço. Um perfil. Já não os encontro. Vou atrás do palco. Na areia as marcas dos passos não se distinguem.
Quase duvido do que vi.
Um par secreto atrás de um palco?
Um palco num jardim?
Uma noite?
9 Comments:
Belíssimo texto! Seria imaginação? Não creio. Não se pode seguir o rasto de quem se ama...Beijos.
Estavam lá. Também os vi...
yoykHá vultos que se amam e dançam, é Verão, os beijos sabem melhor com sabor de mar...
Há vultos que se amam e dançam, é Verão, os beijos sabem melhor com sabor de mar...
sem erros
No dançar é que está o afecto...poder-se-ia dizer.
Tranto o par de tanta intimidade, foi muito elegante o retrato que deles desejanhaste, apesar da derradeira necessidade de saber para onde deslizaram...Sabe bem ver dançar daquela maneira!
Bjs
já sabes que acho a tua escrita uma maravilha.
Ao mesmo tempo fizeste-me recuar muitos anos, à minha infância, onde tinha uma casa de campo e havia essas festinhas tal e qual como descreveste. Também vi muitos parzinhos desses e sorria:)
Terá sido fantasia o que viste, ou foi uma mera recordação?:)
(Agora divaguei eu)
beijos
Fantasias?
Sonhos?
Que delícia as festas de verão... já lá vai tanto tempo.
Um beijo
Como cualquier sueño de cualquier noche de verano.
Dulce, has hecho la descripción perfecta, idílica, de la imagen perfecta.
Un beso.
Há coisas que mesmo vistas, de tão inéditas no tempo, nos parecem FANTASIA, torná-las realidade depende de nós.
Un beso.
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