Persistente e monótono
Ouvia-o sempre que se fazia silêncio. Um silêncio absoluto.
Começava devagar, aquele ruído persistente e monótono.
Nesses momentos corria a casa toda, apurava o ouvido em todos os recantos.
Parecia que nascia do nada - aquele ruído, persistente e monótono.
Sem conseguir dominá-lo, tentava abstrair-me, esquecê-lo, mas ele preenchia o meu silêncio de uma forma tão intensa que se tornava impossível ignorá-lo.
Tentei todos os caminhos. Tapei os ouvidos com algodão, cobri-me com a almofada na cama, mas de nada servia. De início parecia que o ruído se diluía para depois retomar o seu lugar preponderante. Persistente e monótono. Parecia até que se formava na minha cabeça!
Enovelado noutros barulhos parecia desaparecer. A televisão e a rádio ou as vozes que subiam da rua, abafavam-no, e quase o esquecia.
Ontem, depois de voltas e mais voltas na cama, firmemente enterrada nas almofadas, consegui finalmente que o sono me abraçasse, mas aquele som persistente e monótono perseguiu-me para além da vigília.
Fortemente consciente da sua presença vi-me reflectida num espelho. Eu estava ali. E era a mim que eu olhava. Idêntico semblante. A mesma postura atenta.
Do outro lado, Ela ... ou Eu ... fitava-me também, o olhar carregado, as sobrancelhas numa linha recta, e a boca - firmemente cerrada - rangendo os dentes. Naquele ruído persistente e monótono que eu tanto procurara.
Começava devagar, aquele ruído persistente e monótono.
Nesses momentos corria a casa toda, apurava o ouvido em todos os recantos.
Parecia que nascia do nada - aquele ruído, persistente e monótono.
Sem conseguir dominá-lo, tentava abstrair-me, esquecê-lo, mas ele preenchia o meu silêncio de uma forma tão intensa que se tornava impossível ignorá-lo.
Tentei todos os caminhos. Tapei os ouvidos com algodão, cobri-me com a almofada na cama, mas de nada servia. De início parecia que o ruído se diluía para depois retomar o seu lugar preponderante. Persistente e monótono. Parecia até que se formava na minha cabeça!
Enovelado noutros barulhos parecia desaparecer. A televisão e a rádio ou as vozes que subiam da rua, abafavam-no, e quase o esquecia.
Ontem, depois de voltas e mais voltas na cama, firmemente enterrada nas almofadas, consegui finalmente que o sono me abraçasse, mas aquele som persistente e monótono perseguiu-me para além da vigília.
Fortemente consciente da sua presença vi-me reflectida num espelho. Eu estava ali. E era a mim que eu olhava. Idêntico semblante. A mesma postura atenta.
Do outro lado, Ela ... ou Eu ... fitava-me também, o olhar carregado, as sobrancelhas numa linha recta, e a boca - firmemente cerrada - rangendo os dentes. Naquele ruído persistente e monótono que eu tanto procurara.
7 Comments:
No filme que ainda não vi.
Enxugo as lágrimas.
Observo do além presente.
Sou eu e não sou.
Estou e não estou.
Sou o reflexo do espelho.
in)Paula Raposo,Canela e Erva Doce)
poetaeusou(persistenteemonótono)
Podia ter sido o primeiro e afinal fui ultrapassado.
COMO É QUE CONSEGUES ESCREVER TÃO BEM?
QUEM É A TUA MUSA?
Para te dizer: não gostei. Beijos, amiga.
Um silêncio, um ruído, a insistência, os lençóis, o ruído, o silêncio, o sono, o ruído, o sonho...
Tem uma boa noite, amiga
Já me aconteceu com um bicho da madeira intalado no rodapé por trás da cabeceira da minha cama, durante algumas semanas( chega a ser ensurdecedor! )... mas pior ainda é quando a nossa cabeça resolve entrar na rave dos pensamentos, a ideia da confrontação com o espelho é realmente boa!
Até sempre!
Aldina
Uma dor persistente. Um grande beijinho
Olha!... não é só o que os olhos dela vêem é também o que as mãos escrevem… muito bom. Temos aqui uma menina muito prendada, na volta toca piano e fala francês…
Este comentário um pouco desconcertante é uma tentativa de te pôr bem disposta, descontraída. O teu texto; esse ranger de dentes, não é muito saudável. Eu também sou assim e, o meu escape, são os disparates que digo.
Se me é permitido… um beijito para ti.
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