Solidão
Enquanto espero o meu café da noite aqui sentada nesta mesa laranja do costume, faço algo que não é hábito fazer. Pelo menos conscientemente.
Penso em mim e nos dias ou anos que terei ainda pela frente.
Normalmente quando só, deixo que o pensamento flua, entretenho-me a construir as frases que virei a escrever mais tarde, a alinhar as palavras que, depois de devidamente encadeadas, darão lugar a mais uma reflexão.
Por vezes acho que até nem penso em nada. Se isso fôr possível ... não pensar em nada. Ficar secretamente aninhada naquele buraco vazio e escuro que me permite esconder-me de mim.
Sobrevoo a algazarra da mesa ao lado. Abstraio-me das conversas que não me interessam. Penso para mim que hoje não me apetecia estar só. Mas há uma firme recusa em chamar alguém - um amigo, uma amiga - para me acompanhar num café e numa conversa de fim de noite. Obrigo-me a estar só porque acho - entendo - que ninguém tem que aturar a minha súbita irritação ou de estar disponível para mim quando preciso.
Dirão talvez que os amigos também são para essas ocasiões. É verdade. E se fosse o inverso eu estaria disponível para um amigo. Para mim no entanto, obrigo-me a passar por um crivo em que me penalizo/obrigo a esta solidão forçada.
O café chegou e assim posso ocupar os gestos durante uns momentos.
Quando fumava, era nestas alturas que o cigarro era mais necessário.
O companheiro sempre fiel dos gestos sem rumo.
O amigo com quem dialogava em monólogos surdos.
Agora a mão agarra a caneta, enquanto esta traça no papel os rumos do pensamento. Com ela os diálogos são mais vivos, mais expressivos. Com ela disfarço a solidão e ultrapasso a inércia. Com ela crio.
(Porque não me telefonaste? perguntas tu agora.)
(Porque não estás aqui ao pé de mim neste momento em que preciso tanto? penso eu.)
A resposta é: porque a vida é feita de encontros e desencontros. De momentos perfeitos e de enganos. De desejos e de sonhos. De momentos de solidão e de partilha. E nós, simples seres humanos que nada dominamos dos mistérios do universo, apenas viajamos ao sabor do acaso, desejando apenas - sôfregamente - que os sonhos se realizem um dia.
Penso em mim e nos dias ou anos que terei ainda pela frente.
Normalmente quando só, deixo que o pensamento flua, entretenho-me a construir as frases que virei a escrever mais tarde, a alinhar as palavras que, depois de devidamente encadeadas, darão lugar a mais uma reflexão.
Por vezes acho que até nem penso em nada. Se isso fôr possível ... não pensar em nada. Ficar secretamente aninhada naquele buraco vazio e escuro que me permite esconder-me de mim.
Sobrevoo a algazarra da mesa ao lado. Abstraio-me das conversas que não me interessam. Penso para mim que hoje não me apetecia estar só. Mas há uma firme recusa em chamar alguém - um amigo, uma amiga - para me acompanhar num café e numa conversa de fim de noite. Obrigo-me a estar só porque acho - entendo - que ninguém tem que aturar a minha súbita irritação ou de estar disponível para mim quando preciso.
Dirão talvez que os amigos também são para essas ocasiões. É verdade. E se fosse o inverso eu estaria disponível para um amigo. Para mim no entanto, obrigo-me a passar por um crivo em que me penalizo/obrigo a esta solidão forçada.
O café chegou e assim posso ocupar os gestos durante uns momentos.
Quando fumava, era nestas alturas que o cigarro era mais necessário.
O companheiro sempre fiel dos gestos sem rumo.
O amigo com quem dialogava em monólogos surdos.
Agora a mão agarra a caneta, enquanto esta traça no papel os rumos do pensamento. Com ela os diálogos são mais vivos, mais expressivos. Com ela disfarço a solidão e ultrapasso a inércia. Com ela crio.
(Porque não me telefonaste? perguntas tu agora.)
(Porque não estás aqui ao pé de mim neste momento em que preciso tanto? penso eu.)
A resposta é: porque a vida é feita de encontros e desencontros. De momentos perfeitos e de enganos. De desejos e de sonhos. De momentos de solidão e de partilha. E nós, simples seres humanos que nada dominamos dos mistérios do universo, apenas viajamos ao sabor do acaso, desejando apenas - sôfregamente - que os sonhos se realizem um dia.
9 Comments:
...que os sonhos se realizem um dia.
Sou uma apaixonada pelo que escreves, e já aqui escrevi, porque há uma identificação em certas coisas que chega a arrepiar.
Estava a ler esta estraordinária "crónica" e a ver-me".
A diferença é que não escrevo, só penso:)
E agora uma coisa que não tem nada a ver, mas que foste apanhada porque és das poucas pessoas que cá estão:)
Tens um desafio no webclub cujo título é:etiquetas aleatórias.
Se não quiseres fazer aqui, faz lá nos comentários , pleaseeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee:)))))
beijos
*extraordinária
Porque telefonei! Poque me atrasei? podes tu perguntar!
Atrasei-me mas senti eram horas de o fazer, coincidências existem.
Espero ter-te alegrado um niquinho que seja, foi bom ouvir-te sorrir, foi bom falar contigo.
Mas muito mais que sentir-te, te digo para quando voltares ao teu triste fim de dia, para me chamares.
Porque os amigos são mesmo para as marés.
Beijinhos
eu gosto tanto de ler.te.........pq estou spre aí....nos encontros e desencontros.... no desejar sofregamente.......sempre.....
jocas maradas de sonhos
Belo texto! A resposta é essa mesma. Gostei muito. Aproveito para agradecer as palavras que me deixaste no meu 1º aniversário por aqui...Obrigada. Beijos e um bom domingo para ti.
Sabes que já algum tempo que não existe solidão?
Aquela solidão que me acompanhou ao longo de anos.
Agora existe a ausência! Já não há solidão, apenas ausência, carregada de telepatia, desejando que os sonhos se realizem um dia.
Vim "conhecer-te".
(Passei pelo "palavrapuxapalavra" e vim cá dar).
E sabes que este teu texto me lembrou um post meu, named "THE CALL"?
"Saberei explicar-te porque não o atendi, se tanto o esperei? Se to explicar, saberás entendê-lo como espero?"<>br/>i>
Enfim... Coisas que lembram coisas, isso já se sabe.
Gostei. Com mais tempo e alma regresso.
Bem-hajas!:-)
Vim "conhecer-te".
(Passei pelo "palavrapuxapalavra" e vim cá dar).
E sabes que este teu texto me lembrou um post meu, named "THE CALL"?
"Saberei explicar-te porque não o atendi, se tanto o esperei? Se to explicar, saberás entendê-lo como espero?"
Enfim... Coisas que lembram coisas, isso já se sabe.
Gostei. Com mais tempo e alma regresso.
Bem-hajas!:-)
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