Reflexão..
"Olhar para nós, pegar naquilo que somos, tantas vezes caóticos e contraditórios, e sermos capazes de assumir os nossos conflitos mais íntimos, tentando sair deles da maneira mais certa é um acto de grande coragem. A tentação comum no entanto, é "passar ao lado" ou fingir que não temos todos estes dilemas interiores."
Esta capacidade de olhar para dentro de nós mesmos com o distanciamento e o espírito crítico necessário, surge apenas julgo eu, numa idade mais madura da vida. Eu costumo dizer e verdadeiramente sinto-o, que só assumi aquilo que sou, aos 40 anos. Até aí andei ainda à deriva dos desejos dos que me rodeavam, tentando muitas vezes ser, contra a minha vontade, o que os outros esperavam de mim. Só a partir de certa altura assumi os meus defeitos - sempre o mais difícil de aceitar -, os meus desejos - que não têm forçosamente que coincidir com os dos outros -, o meu carácter por vezes contraditório e volúvel e as minhas incapacidades.
As diferenças sentiram-nas quem comigo convivia de perto. Atitudes que antes eram engolidas deixaram de o ser, ideais que antes eram recalcados vieram à tona, batendo-me por eles. Nada se conquista sem luta. Nenhuma atitude é isenta de consequências, e isso eu aprendi à minha custa, mas também aprendi a satisfação de atingir os MEUS objectivos.
A psicóloga da minha filha disse-lhe uma vez, e a propósito da sua maneira de ser dócil e por vezes demasiadamente sensata, que é um erro agir sempre com o propósito de deixar os outros satisfeitos. Nem sempre isso é possível. Por vezes é preciso afirmarmo-nos deixando claro que não é esse o caminho que pretendemos, e isso não quer dizer que a nossa vontade seja de, deliberadamente magoar os outros. Há alturas em que os nossos objectivos não são coincidentes com os dos que nos estão próximos, em que as nossas vontades são divergentes, e não podemos contornar os nossos desejos - anularmo-nos - de todas as vezes que isso acontece, sob pena de estarmos a atentar contra a nossa integridade. Não podemos querer o mundo todo côr-de-rosa quando para nós ele se vai tornando cada vez mais cinzento.
"Ver com olhos de ver implica desistir de nos procurarmos onde não estamos e de nos vermos como não somos"
Este é o corolário que todos nós deveríamos colocar na nossa curta existência. Para sermos felizes. Mais verdadeiros. E podermos fazer felizes a quem amamos.
(Excertos em itálico retirados na revista XIS, suplemento do Público de 22/07/2006. Artigo "A Luz do dia" assinado por Laurinda Alves)
Esta capacidade de olhar para dentro de nós mesmos com o distanciamento e o espírito crítico necessário, surge apenas julgo eu, numa idade mais madura da vida. Eu costumo dizer e verdadeiramente sinto-o, que só assumi aquilo que sou, aos 40 anos. Até aí andei ainda à deriva dos desejos dos que me rodeavam, tentando muitas vezes ser, contra a minha vontade, o que os outros esperavam de mim. Só a partir de certa altura assumi os meus defeitos - sempre o mais difícil de aceitar -, os meus desejos - que não têm forçosamente que coincidir com os dos outros -, o meu carácter por vezes contraditório e volúvel e as minhas incapacidades.
As diferenças sentiram-nas quem comigo convivia de perto. Atitudes que antes eram engolidas deixaram de o ser, ideais que antes eram recalcados vieram à tona, batendo-me por eles. Nada se conquista sem luta. Nenhuma atitude é isenta de consequências, e isso eu aprendi à minha custa, mas também aprendi a satisfação de atingir os MEUS objectivos.
A psicóloga da minha filha disse-lhe uma vez, e a propósito da sua maneira de ser dócil e por vezes demasiadamente sensata, que é um erro agir sempre com o propósito de deixar os outros satisfeitos. Nem sempre isso é possível. Por vezes é preciso afirmarmo-nos deixando claro que não é esse o caminho que pretendemos, e isso não quer dizer que a nossa vontade seja de, deliberadamente magoar os outros. Há alturas em que os nossos objectivos não são coincidentes com os dos que nos estão próximos, em que as nossas vontades são divergentes, e não podemos contornar os nossos desejos - anularmo-nos - de todas as vezes que isso acontece, sob pena de estarmos a atentar contra a nossa integridade. Não podemos querer o mundo todo côr-de-rosa quando para nós ele se vai tornando cada vez mais cinzento.
"Ver com olhos de ver implica desistir de nos procurarmos onde não estamos e de nos vermos como não somos"
Este é o corolário que todos nós deveríamos colocar na nossa curta existência. Para sermos felizes. Mais verdadeiros. E podermos fazer felizes a quem amamos.
(Excertos em itálico retirados na revista XIS, suplemento do Público de 22/07/2006. Artigo "A Luz do dia" assinado por Laurinda Alves)
5 Comments:
Completamente de acordo contigo!
beijos
Se é que compreendi, nunca tentei agradar aos outros, desde criança e os meus Pais sabem-no melhor que ninguém. Assumo os meus erros, tenho os meus defeitos e quem gostar de mim assim, óptimo. Todos somos diferentes, ainda bem, nunca fui dócil, sempre fui rebelde, nunca me calei, mas nunca, que fique certo, quis magoar deliberadamente seja quem for. Eu sou assim. Beijos.
Para sermos felizes. Temos que começar por nós, para chegarmos aos outros, não é ?
A coragem de enfrentar a vida, tal como é...um desafio. Estamos preparados?
desire
não li não gosto da laurinda muita teoria pouca realidade :-(
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