Da saudade ...
Diz Florbela Espanca:
"Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga"
e ainda ...
"Esse de quem eu era e que era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapar'ceu
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei ... tacteio sombras ... Que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!"
Diz-se "morrer de saudades". Diz-se "morrer de amor". Liberdade poética ou a voz sensata do povo?
Num país onde a "saudade" é uma palavra com significado, este sentimento pode ser facilmente exacerbado. A saudade é exaltada pelos poetas e cantada pelos trovadores.
A saudade não é uma palavra vã.
A saudade corrói, estiola e destrói toda a felicidade. O bom senso não é eficaz para a debelar. As justificações lógicas não são suficientes para a explicar.
Quando a saudade aperta, o coração oprime-se - comprimido dentro de um punho bem fechado.
Quando a saudade aperta todos os pensamentos são canalizados e reduzidos apenas a um.
Quando a saudade aperta é impossível pensar sensatamente, agir correctamente ou viver racionalmente.
Quando a saudade aperta os diques que controlam as emoções descontrolam-se, abrem as comportas, e são ondas sucessivas de mágoa e dor que nos submergem, impedindo-nos de vir à tona.
"Morrer de saudades" faz assim todo o sentido. Não é apenas uma liberdade poética. Não é apenas a voz do povo.
É a persistência em nós de um sentimento que nos derruba, que debilita e destrói todas as nossas resistências.
De novo Florbela diz:
"Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!"
"Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga"
e ainda ...
"Esse de quem eu era e que era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapar'ceu
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei ... tacteio sombras ... Que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!"
Diz-se "morrer de saudades". Diz-se "morrer de amor". Liberdade poética ou a voz sensata do povo?
Num país onde a "saudade" é uma palavra com significado, este sentimento pode ser facilmente exacerbado. A saudade é exaltada pelos poetas e cantada pelos trovadores.
A saudade não é uma palavra vã.
A saudade corrói, estiola e destrói toda a felicidade. O bom senso não é eficaz para a debelar. As justificações lógicas não são suficientes para a explicar.
Quando a saudade aperta, o coração oprime-se - comprimido dentro de um punho bem fechado.
Quando a saudade aperta todos os pensamentos são canalizados e reduzidos apenas a um.
Quando a saudade aperta é impossível pensar sensatamente, agir correctamente ou viver racionalmente.
Quando a saudade aperta os diques que controlam as emoções descontrolam-se, abrem as comportas, e são ondas sucessivas de mágoa e dor que nos submergem, impedindo-nos de vir à tona.
"Morrer de saudades" faz assim todo o sentido. Não é apenas uma liberdade poética. Não é apenas a voz do povo.
É a persistência em nós de um sentimento que nos derruba, que debilita e destrói todas as nossas resistências.
De novo Florbela diz:
"Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!"
7 Comments:
Querida Dulce: morrer de saudade, sim, é bem verdade. Este post está simplesmente lindo! Porque hoje é hoje e a saudade corrói...Beijinhos.
Escreveste tudo. Palavras para quê?
beijos
Quero contariar esse sentimento ! Não por desrespeito ou falta de sensibilidade. Acima de tudo, por valorizar aqueles que ficaram, aqueles que estão vivos, aqueles para quem os dias podem ser de lembrança. De tristeza e de alegria, na vivência do equilíbrio. Mas sobretudo, porque esses têm uma obrigação - têm uma Vida.
Recolho um pequeno papel, recortado de um jornal desportivo - sinal de quem nem só de bola aí se fala, e que se mantêm na minha carteira à umais de uma dúzia de anos.
Diz assim um poeta popular, Lourenço da Silva Pinto :
"Essa palavra saudade
conheço desde criança
Saudade de amor ausente
não é saudade, é lembrança
Saudade só é saudade
quando morre a esperança."
Um beijo, amiga.
De grande esperança
Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!
Sophia de Mello Breyner Andreson
Faço minhas as palavras de Lourenço Pinto, o poeta popular citado por Luís Manuel.
Bjs.
Querida Dulce,
...e tão bem que está aqui descrita a saudade!!!
Tanto nas tuas palavras como nas da Florbela(que adoro ler).
Sabes até senti aqueles apertozinhos no coração ao ler-te...saudades de tanta coisa!
Beijinhos e bom fim de semana.
Florbela nasceu em Vila Viçosa, num Alentejo profundo e muito querido !
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