quinta-feira, janeiro 04, 2007

Passatempos

Quem se lembra por aqui do jogo do elástico? E do "mata"? Fizeram furor no meu tempo de adolescente. No primeiro gostava de participar, enquanto no segundo apenas me limitava a ver, sossegadamente sentada num banco do pátio. Jogado com uma bola macia feita de meias velhas, sempre foi para mim um jogo agressivo e exigente.
Filha única, sempre recorri à imaginação para a maior parte das minhas brincadeiras. Tardes inteiras de volta das bonecas quando era pequena, inventando histórias e criando finais felizes ou ainda jogando à macaca, algo que não exigia a participação colectiva, mas o que realmente ocupou a maior parte da minha adolescência, foi a leitura. Muitas foram as tardes em que nem dava pelo tempo passar, deitada no sofá da sala, embrenhada nas histórias simples de Júlio Dinis ou chorando copiosamente com as tragédias de Camilo. Na minha casa, os livros sempre estiveram à minha disposição, constituindo-se como um permanente atractivo. Iniciei cedo as leituras e não tendo colegas de escola perto de casa, eram os romances que me ocupavam os dias. Quando estava cansada, ao espelho do meu quarto criava intrincadas histórias que eu mesma protagonizava. Diálogos surdos com personagens inventadas. Enredos antes lidos que adaptava à minha realidade. Assim ultrapassava a necessidade de contacto com os outros.
Hoje já não invento frente ao espelho, mas ainda dou por mim algumas vezes a sonhar acordada, agora com personagens bem reais. Quem o não faz ? E além do mais, já dizia o poeta ... "eles não sabem que o sonho é uma constante da vida ..."

21 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tanto se poderia dizer sobre as memórias... De criança. De adolescentes.

Às vezes penso: Com tanta oferta e oportunidades que há hoje (felizmente?) como serão as memórias das crianças e dos adolescentes quando forem mais velhos?

Lido todos os dias com crianças que brincam. Obviamente. Tento não lhes roubar esses tempos e participar nessas memórias, por mais que os que manda os queiram tirar... Sinto-me bem. E recordo isso, junto com as minhas memórias que, felizmente, são muitas.

E se inventássemos um espaço colectivo de coleccionar memórias?

Beijo.

12:28 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Pois nós éramos cinco irmãos e como deves calcular brincadeiras não faltavam.
Às vezes não acabavam bem... mas era normal.

Foi bom ler o teu texto com um final referindo o Gedeão.

E que idéia gira teve o pedro branco...
Fico à espera de desenvolvimentos...

Um beijo

2:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

...tanto salto,tanto saltinho.grandes jogos.coisas felizes.



doce Dulce...que venha aí um
Novo Ano em cheio.
Muita saúdinha...vida doce, serena...o que mais desejo.

beijinho e um abraço forte
da ana.

5:23 da manhã  
Blogger Maria Carvalho said...

Memórias quem as não tem?! E sonhar é das poucas coisas que ainda podemos fazer sem que nos cobrem nada. Felizmente. Bom fim de semana para ti. Beijos.

9:12 da manhã  
Blogger Era uma vez um Girassol said...

Recordar os tempos de menina, sonhar ainda acordada...
Tenho apreciado imenso estas memorias! Algumas se identificam com as minhas...Excepto essa de pedir uma historia aos avos. Mas o meu pai contava-mas com imensa imaginacao!!!
Desculpa a falta de acentos...Problema do teclado!
Beijinhos

9:46 da manhã  
Blogger Maria said...

Ao Pedro Branco:
Era capaz de ser interessante, juntarmo-nos e reunirmos as nossas memórias. Cada um com as suas e possivelmente nos lembraríamos de mais. A Maria gostou da ideia ... quem sabe!

10:08 da manhã  
Blogger Zé-Viajante said...

O sonho comanda a vida, certo ?
Bjs

10:12 da manhã  
Blogger Maria said...

Viajante:
Certo! Faz favor de os ter em conta !!

10:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

METAMORFOSE (19)
Sonho acordado, não pelos passatempos.
Mas sempre contigo, Lena.
Todos os momentos, todos os dias.
A obediência paterna existia.
Mas a nossa jura de amor, ficou.
38 anos de amor ausente.
Sei que mantens, este amor.
Não quebraste a jura.
Continuo a procurar o sentimento.
Para o Dr.Joaquim Coelho ou Júlio Dinis.
Foi ele culpado do mosso desamor, fisico ?.
Contribuindo para este amor eterno,
por outro lado ?.
E o brilho dos teus lindos olhos.
Ao aceitares a Morgadinha dos Canaviais.
O teu Pai deixou passar. Lápis Azul ?. Mas ...
Uma Familia Inglesa.
Despoletou toda a tragédia.
Pedi que lhe perdoasses.
Sei que o fizeste.
Olha, ontem recordei, O Ginjal.
A travessia do Tejo.Chuva miudinha.
Como tanto gostavas. Ainda gostas?.
A Açorda de Marisco. A Laranjina.
Estava muito frio nesse dia.
Mas o beijo escaldou-me. Até HOJE.
poetaeusou(adaptador)

12:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Obrigada pelo post. Vi-me sobretudo a jogar o mata com bola feita de meias de seda... vi-me... porque o sonho comanda mesmo a vida.
Um abraço.

12:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Fui campeã de mata enquanto matava aulas de Religião i Moral, frente à casa do Director de Ciclo.

Teria graça se fosse às escondidas?

ahhahaha


---
parei de me inventar ao espelho -reinvento-me cá dentro a cada hora. ou morro.

3:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

TROCAS OS TEUS 11 (agora 12) COMENTARIOS PELOS MEUS ESCASSOS 2 (DOIS) ?


AJUDAVA O EGO...

Cara

6:53 da tarde  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Te felicito por haber sabido hacer de la niñez un "cuento de hadas", una oda a la imaginación y al silencio.

Felicítate por haber sido hija única (yo tengo también una hija única) y por el tiempo tan aprovechado contigo misma.

Un beso muy fuerte y que los Magos sean présperos para ti. Sobre todo en amor y comprensión.

7:40 da tarde  
Blogger wind said...

Eu adorava a macaca e o mata. Ao contrário de ti, não brincava com bonecas, nunca lhes liguei, tinha era a mania das colecções.
Ler também comecei muito cedo, porque tinha uma biblioteca da minha avó, livros do meu pai e outros meus.
De modo que devorei tudo:)
E continua a sonhar a realidade:)
beijos

12:07 da manhã  
Blogger VIAJANTE DO MAR said...

Casualmente vi o seu blog e deixe-me dar-lhe os parabéns!
Como é bom sonhar!!
Sonhar sempre... sempre...

11:55 da manhã  
Blogger JPD said...

Costuma dizer-se quem não tem memória não teráfuturo.
Só terás que congratular-te por teres tido uma infância assim e teres aproveitado as emoções fortíssimas da brincadeira, da leitura, de tudo o que relatas.
:)

4:11 da tarde  
Blogger Rocha de Sousa said...

Sou certamente um desconhecido para si, você para mim, mas o pequeno encontro que tive com a sua infância, sonho da vida, penso que a Dulce me deu um pouco de si.
Gosto destes espaços largos e desta escrita limpa. Que mais posso fazer senão oferecer-lhe uma passagem por DESENHAMENTO em nome de rochasousa.blogspot.com ou em
CONSTRUPINTAR02 rochasousa02.blogspot.com?
Parabéns e saudações amistosas
Rocha de Sousa

6:31 da tarde  
Blogger maresia said...

Cada infância, várias histórias. Eu sempre gostei das rolhas feitas barcos a boiar nas ondas do Guincho, dos carrinhos de rolamentos construídos com os meus primos, das bolotas feitas cachimbos, do estojo de química e do microscópio. Não me lembro de bonecas, nem de trapos. Lembro-me de casas de giz pintadas no pátio. Lembro-me de muitos rapazes, sempre mais rapazes do que meninas. Lembro-me de trocar os ovos das rolas com os das galinhas. E lembro-me de fazer chichi nuns copinhos de criança e dar aos meus primos como sendo cerveja. Sobreviveram saudáveis...

11:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Claro que joguei ao elástico!! E a ginástica que fazíamos!! Também saltei muito à corda.
É bom sabermos que temos uma memória colectiva e agrada-me ainda mais quando somos ambas de gerações diferentes!!

Beijinho

12:15 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Claro que joguei ao elástico!! E a ginástica que fazíamos!! Também saltei muito à corda.
É bom sabermos que temos uma memória colectiva e agrada-me ainda mais quando somos ambas de gerações diferentes!!

Beijinho

12:15 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Optimo post... Como se costuma de dizer... No meu tempo é que era bom! :)

1:26 da manhã  

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