Domingo
Domingo, um dia triste para mim. Tudo pára. As ruas despejadas de gente. As lojas, buracos escuros e vazios, para onde espreitam olhos perdidos. O silêncio, onde habitualmente mora o bulício.
Morro um pouco ao domingo. Perco o ritmo. Mascaro o dia de gestos inabituais. Esforço-me para não olhar o relógio na esperança de que as horas me surpreendam, e é só quando começo a ver a tarde cair que regresso à vida e ao sorriso, antecipando já o dia seguinte.
No início da adolescência levava-me a minha mãe à Baixa a passear aos domingos. Que suplício já nessa altura! As ruas transformadas em corredores de hospital vazios e alguns mortos-vivos arrastando os pés de porta em porta - "zombies" numa cidade fantasma.
Ir ao cinema é uma opção. Ocupa-se aquele tempo imenso do meio da tarde com enredos de vidas que não conhecemos, e que felizmente não são a nossa. Ficar em casa e ocuparmo-nos com mil pequenas tarefas é outra opção. Qualquer coisa que me faça esquecer que ainda faltam três horas para começar a anoitecer. Qualquer coisa que me distraia dos ponteiros de um relógio que anda a um ritmo que não desejo.
Foi para fugir ao silêncio e para esquecer as horas que ainda faltavam, que ontem procurei o centro comercial mais próximo. Ali, no meio de um domingo que não o era mais, ultrapassei num pulo aquele tempo, que de outro modo, seria medido a conta-gotas. Ali, esqueci que estava só. Ali, vagueei pelos retalhos de conversas que pairavam no ar. Ali, enterrei os pensamentos negativos. Ali, fui mais uma no meio de tantos que por mim passaram e não vi.
Estava cheio aquele espaço comercial. Cheio de sonhos por realizar. Cheio de olhos como os meus - que olham sem ver, que trespassam os corpos - no pensamento apenas o desejo de que a tarde passe depressa. Cheio de crianças brincando num espaço de plástico, inventando histórias que deviam ser vividas em ambientes reais - verdes e amarelos, azuis e roxos - em sítios onde a vida mexe e as histórias possam crescer.
Quando saí para a rua, a luz diminuia já. Algum nevoeiro tornava o ar frio e as pessoas apressavam-se para o autocarro que já esperava. Aconcheguei o cachecol e ao contrário da maioria sorri. Era quase noite.
Morro um pouco ao domingo. Perco o ritmo. Mascaro o dia de gestos inabituais. Esforço-me para não olhar o relógio na esperança de que as horas me surpreendam, e é só quando começo a ver a tarde cair que regresso à vida e ao sorriso, antecipando já o dia seguinte.
No início da adolescência levava-me a minha mãe à Baixa a passear aos domingos. Que suplício já nessa altura! As ruas transformadas em corredores de hospital vazios e alguns mortos-vivos arrastando os pés de porta em porta - "zombies" numa cidade fantasma.
Ir ao cinema é uma opção. Ocupa-se aquele tempo imenso do meio da tarde com enredos de vidas que não conhecemos, e que felizmente não são a nossa. Ficar em casa e ocuparmo-nos com mil pequenas tarefas é outra opção. Qualquer coisa que me faça esquecer que ainda faltam três horas para começar a anoitecer. Qualquer coisa que me distraia dos ponteiros de um relógio que anda a um ritmo que não desejo.
Foi para fugir ao silêncio e para esquecer as horas que ainda faltavam, que ontem procurei o centro comercial mais próximo. Ali, no meio de um domingo que não o era mais, ultrapassei num pulo aquele tempo, que de outro modo, seria medido a conta-gotas. Ali, esqueci que estava só. Ali, vagueei pelos retalhos de conversas que pairavam no ar. Ali, enterrei os pensamentos negativos. Ali, fui mais uma no meio de tantos que por mim passaram e não vi.
Estava cheio aquele espaço comercial. Cheio de sonhos por realizar. Cheio de olhos como os meus - que olham sem ver, que trespassam os corpos - no pensamento apenas o desejo de que a tarde passe depressa. Cheio de crianças brincando num espaço de plástico, inventando histórias que deviam ser vividas em ambientes reais - verdes e amarelos, azuis e roxos - em sítios onde a vida mexe e as histórias possam crescer.
Quando saí para a rua, a luz diminuia já. Algum nevoeiro tornava o ar frio e as pessoas apressavam-se para o autocarro que já esperava. Aconcheguei o cachecol e ao contrário da maioria sorri. Era quase noite.
12 Comments:
Quando eu era menina e não havia os centros comerciais nem nada previamente montado para as pessoas consumirem julgando que se divertem, a minha casa enchia-se (era muito pequena) com alguns vizinhos amigos que passavam a tarde connosco na conversa, a cantar (e o meu pai a tocar viola) ou a jogar às cartas... ou tudo ao mesmo tempo. A minha mãe fazia umas pratadas de biscoitos fritos no azeite e o domingo passava-se a correr e com muita alegria. Para mim, ainda hoje o domingo tem mais significado quando é passado com amigos e em que se olha para o relógio e se diz: Já??
Um beijinho para ti
METAMORFOSE (62)
Domingo, pura ilusão.
Da quietação do dia.
Descanço equivocado.
Ruas de ninguem.
Reclusos rostos.
Limador de arestas.
De atritos familiares.
Invertidas máscaras.
De ópiados golos.
Sugador de poupanças.
Nos supérfluos espaços
De alquimia mágica.
De ter, o não ter.
Contigúo ao não saber.
poetaeusou(adaptador)
... é, são sempre as tardes do nosso descontentamento...
Boa semana!
(está dicidil de comentar...)
maria
ocheirodailha
Escorre de cada palavra a sensação de que o toque sublime será quando se escrever o espantado 'Já' a começar o parágrafo final...
Afectuosamente
Beeeeezzzzzzzzzzzzzzz.
É minha, o poeta perdeu a tecla,
do S no Descanço. hihihihihihi
Abelhão.Beeeezzzzzzz.
4.59 PM
Já está difícil, ainda por cima com erros...
maria
ocheirodailha
O Domingo um dia alegre para mim. Sem apertos, longe da multidão, o espaço é só meu, percorro as minhas ruas, são só minhas.
Cada um como cada qual.
Um beijo. Augusto
Já odiei domingos e já gostei imenso! São fases da vida de cada um. Neste momento, o que é pior, nem sei se odeio, se os adoro. Os domingos. Beijinhos.
Ao domingo costumo estar com ELE. E tudo é paz à minha volta.
Felicidades e
Até breve
Se ELE QUISER
Também detesto domingos:)
beijos
adorei.
detesto os domingos.
entendo essa fuga ao silencio e ao tempo...........
jocas maradas
Compreendo-te. Sei a que te referes.
Para mim os dias já são todos iguais… procuro já não pensar neles, deixo-me levar…
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