Recolhimento
"Santa Maria mãe de Deus"...
"Santa Maria mãe de Deus" ..."Santa Maria mãe de Deus"...a toada repetia-se até à exaustão. Um número indefinido de vozes em uníssono. De tempos a tempos há uma voz que se destaca para dizer as mesmas palavras, para depois serem de novo repetidas pelo grupo de pessoas que se agrupa frente ao altar.
Há que tempos não ouvia estas palavras. Em míuda havia uma tia velha que me levava à missa em cada domingo e lembro-me de encontrar um certo encanto no pequeno livrinho de folhas douradas e naquele ritual sempre repetido. Depois ... os anos passaram, as ideias definiram-se e só volto à igreja de visita ou como hoje em trabalho.
Aqui na Sé de Faro as pedras têm nelas gravadas centenas de anos de palavras sussurradas. Ecoam até ao adormecimento. Gosto do recolhimento que se encontra dentro das igrejas. Do silêncio que inspira à reflexão. Gosto delas vazias - onde posso ouvir até o eco dos meus pensamentos.
Esta é alta e imponente, como todas as Sés. As pedras, gastas de tanto serem pisadas. Os dourados, antigos e ricos. Quadros representando cenas escurecidas de santos e milagres. Pelas frestas de vitrais filtra-se a luz em cambiantes coloridos. No altar agora vazio sobressai a cobertura alva e rendada que me lembra a minha avó e os seus belos trabalhos de mãos.
Assim comecei o dia.
Agora, umas horas mais tarde, a toada das rezas ainda ecoa nos meus ouvidos. Um eco ancestral que se colou em mim vindo do fim dos tempos.
Até que a memória esqueça.
"Santa Maria mãe de Deus" ..."Santa Maria mãe de Deus"...a toada repetia-se até à exaustão. Um número indefinido de vozes em uníssono. De tempos a tempos há uma voz que se destaca para dizer as mesmas palavras, para depois serem de novo repetidas pelo grupo de pessoas que se agrupa frente ao altar.
Há que tempos não ouvia estas palavras. Em míuda havia uma tia velha que me levava à missa em cada domingo e lembro-me de encontrar um certo encanto no pequeno livrinho de folhas douradas e naquele ritual sempre repetido. Depois ... os anos passaram, as ideias definiram-se e só volto à igreja de visita ou como hoje em trabalho.
Aqui na Sé de Faro as pedras têm nelas gravadas centenas de anos de palavras sussurradas. Ecoam até ao adormecimento. Gosto do recolhimento que se encontra dentro das igrejas. Do silêncio que inspira à reflexão. Gosto delas vazias - onde posso ouvir até o eco dos meus pensamentos.
Esta é alta e imponente, como todas as Sés. As pedras, gastas de tanto serem pisadas. Os dourados, antigos e ricos. Quadros representando cenas escurecidas de santos e milagres. Pelas frestas de vitrais filtra-se a luz em cambiantes coloridos. No altar agora vazio sobressai a cobertura alva e rendada que me lembra a minha avó e os seus belos trabalhos de mãos.
Assim comecei o dia.
Agora, umas horas mais tarde, a toada das rezas ainda ecoa nos meus ouvidos. Um eco ancestral que se colou em mim vindo do fim dos tempos.
Até que a memória esqueça.
9 Comments:
"Gosto do recolhimento que se encontra dentro das igrejas. Do silêncio que inspira à reflexão. Gosto delas vazias - onde posso ouvir até o eco dos meus pensamentos."
e isso é que verdadeiramente conta.
Hoje vim visitar-te, já que não me visitas tu com uma fotografia das tuas... :-)
Gostei de te ler.
Deixo um beijo.
Voltei:)
Tal como tu gosto de entrar em igrejas vazias.
Li tudo o que está aqui e não tinha lido e acabei a sorrir, porque escusado será escrever já o que sinto e vejo ao ler-te, seria uma repetição estilo cassete:)
Beijos, amiga:)
Também prefiro as igrejas vazias.
Gosto de ouvir o eco dos passos a ressoar, do sîlêncio que se segue quando nos recolhemos em oração.
Porque à medida que a nossa idade aumenta, os amigos começam a precisar das nossas preces, de forte ajuda. O tempo de saúde começa a desaparecer...
Só agora começo a dar-me conta.
Gostei da tua descrição da Sé de Faro, deve ser muito bonita.
Bjs
Provavelmente, conheceste o Padre Henriques que dizia missa às dez, aí na Sé, aos Domingos e sempre teve a preocupação de fazer homilias curtíssimas...para não maçar!
provavelmente o irmão dele que levava os alunos do liceu à igreja do Alto de São João...
Provavelmente...
Gosto de visitar igrejas. Uma bonita descrição, a tua. Beijos, até amanhã.
O melhor das Igrejas (tal como as conheço). Vazias- cheias de Fé e Mistério - e lá ficar, falando connosco. Ou com DEUS.
Eu não sendo católica tenho um grande fascínio pela beleza e mistério das igrejas, e faço das minhas conversas com Deus rezas inventadas!
Até sempre
As Igrejas sempre me fascinaram...A minha avó costumava levar-me com ela, quando passava férias na terra dela. Enquanto ela rezava os meus olhos não paravam. Os anos passaram e ainda hoje me vem à memória a sua imagem. Com o seu lenço de renda na cabeça e o terço na mão. Ou quando ela baixinho me dizia para estar quieta...Mas eu precisava olhar para todas aquelas imagens...e recordava as histórias que a minha avó contava sobre alguns santos...
Obrigado por este momento! Beijinho e tudo de bom.
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