domingo, junho 04, 2006

Fim de tarde

Sinto a tristeza a avançar, quando a meio das conversas o silêncio me pesa. As palavras recusam ser ditas. Há um peso no peito que se instala, e em forma de punho me aperta a garganta.
Queria sair daquela sala.
Evitar as conversas.
Guardar os sorrisos.
Fechar os olhos e deixar que ela me ganhe.
Nestes momentos não há nada a fazer a não ser deixá-la entrar. Quando a tristeza vem e não sei porquê, é deixá-la correr em forma de rio - é deixá-la espraiar como as ondas mansas que varrem a areia. É deixá-la estrangular a garganta com as suas garras possessivas como tenazes.
É preciso apenas um abraço para tudo despoletar. Num olhar mais fundo pode ver-se para além de mim, se se souber olhar - se se quiser ver.
Tento engolir a tristeza que teima em sair sem eu mesma saber a razão.
Será que eles sabem? Será que eles sentem?
Os meus olhos não costumam calar.
Os meus silêncios não costumam esconder esta avassaladora emoção que persiste em mostrar-se.
O meu sorriso não é o sorriso aberto de sempre, toldado agora por uma mágoa que o distorce.
Com o cair da tarde, instalou-se a tristeza.
Que venha a noite! Que venha a noite calá-la!

4 Comments:

Blogger wind said...

És tão transparente:)
Tal como o título do blog és tu mesma.
Vi-te uma vez e "vi-te"!:)
Por isso me identifico tanto com o que escreves.
Quando estou assim, só a noite me acalma.
beijos

10:34 da tarde  
Blogger Mónica Lice said...

Gostei de passar por aqui!

Beijinho e uma boa semana!

11:21 da tarde  
Blogger Maria Carvalho said...

Gostei muito do 'fim de noite' do 'fim de tarde'. Beijos.

8:53 da manhã  
Blogger Su said...

a tristeza instala.se em mim ,normalmente ao fim da tarde...
jocas maradas de melhores dias

9:23 da tarde  

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