De novo ...
Voltei a encontrá-la ontem à noite.
Saí mais uma vez pelas ruas da minha cidade à procura de alguma frescura. A noite estava quente e as ruas cheias de vida. Quando me sentei no café não a vi de imediato. Um grupo de gente nova conversava alto sobre viagens de verão e monopolizava as atenções gerais. Só depois a descobri. Sentava-se desta vez no outro canto da sala. O mesmo cabelo apanhado, os mesmos olhos claros e as mãos nervosas. Na mesa, um café e o telemóvel. Apoiava o queixo nas mãos e os olhos, ora se perdiam nervosos em volta, ora se imobilizavam num ponto fixo que eu não conseguia alcançar. Bebia o café em pequenos golos. O pacote de açúcar por utilizar deslizava entre o seus dedos numa acrobacia interminavelmente repetida. Bem iluminada agora, via-lhe os cabelos claros e ondulados e as rugas vincadas na testa e ao canto dos olhos. De tempos a tempos olhava o telemóvel como se esperasse uma chamada que não vinha.
As conversas do grupo de jovens não pareciam interessar-lhe pois nem um olhar lhes dirigia. Eu tentava olhá-la, agora discretamente, receosa que me surpreendesse de novo. Pude fazê-lo à vontade quando tirou da mala um bloco e uma caneta e começou a escrever. Primeiro hesitante, pensava demoradamente e debruçava-se sobre o papel fazendo deslizar a caneta quase sem a levantar. Depois ganhou velocidade e nem os olhos erguia do pequeno caderno. Que pena não saber o que escrevia ...
Algum tempo depois vi-a olhar o relógio. Arrumou caderno e caneta, pagou e saíu. Acompanhei a sua silhueta vagarosa e esguia até que desapareceu na noite.
Na mesa agora vazia apenas a sombra permaneceu.
Saí mais uma vez pelas ruas da minha cidade à procura de alguma frescura. A noite estava quente e as ruas cheias de vida. Quando me sentei no café não a vi de imediato. Um grupo de gente nova conversava alto sobre viagens de verão e monopolizava as atenções gerais. Só depois a descobri. Sentava-se desta vez no outro canto da sala. O mesmo cabelo apanhado, os mesmos olhos claros e as mãos nervosas. Na mesa, um café e o telemóvel. Apoiava o queixo nas mãos e os olhos, ora se perdiam nervosos em volta, ora se imobilizavam num ponto fixo que eu não conseguia alcançar. Bebia o café em pequenos golos. O pacote de açúcar por utilizar deslizava entre o seus dedos numa acrobacia interminavelmente repetida. Bem iluminada agora, via-lhe os cabelos claros e ondulados e as rugas vincadas na testa e ao canto dos olhos. De tempos a tempos olhava o telemóvel como se esperasse uma chamada que não vinha.
As conversas do grupo de jovens não pareciam interessar-lhe pois nem um olhar lhes dirigia. Eu tentava olhá-la, agora discretamente, receosa que me surpreendesse de novo. Pude fazê-lo à vontade quando tirou da mala um bloco e uma caneta e começou a escrever. Primeiro hesitante, pensava demoradamente e debruçava-se sobre o papel fazendo deslizar a caneta quase sem a levantar. Depois ganhou velocidade e nem os olhos erguia do pequeno caderno. Que pena não saber o que escrevia ...
Algum tempo depois vi-a olhar o relógio. Arrumou caderno e caneta, pagou e saíu. Acompanhei a sua silhueta vagarosa e esguia até que desapareceu na noite.
Na mesa agora vazia apenas a sombra permaneceu.
7 Comments:
Mais um enredo que ganha forma.
Ou mais uma forma para o anterior enredo.
Um olhar diferente sobre a máscara. Muito interessante.
Um beijo.
Estranho, parecia que te estavas a descrever a ti:) beijos
Um texto que era impossível escrever há cem anos. Gostei do devaneio.
Beijinhos.
Ah, o mail está a fazer rejeição.
Fica bem.
Manuel
Por muito breves que sejam as comunicações via telemóvel, são inúmeras as possibilidades de desfecho.
Por essa razão, aguardo.
Bjs
"De tempos a tempos olhava o telemóvel como se esperasse uma chamada que não vinha."
Normalmente não vêm.
Como a sombra permanece... Beijos.
engraçado...parece que ja vivi a mesma situação...se calhar todos nos ja vivemos uma identica :)
Beijos
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