Viagem
Persegue-me na noite a voz do impossível,
Rebentam-me aos ouvidos as ampolas de sangue.
Avanço devagar para a hidra intangível
Que dorme no horizonte do lado do levante.
Fascinam-me o mistério do seu rosto sem nome,
O muro de silêncio que a separa de mim,
A jornada no escuro, os perigos, os escombros,
As barreiras de sombra a que vou pondo fim.
Avanço devagar para a hidra que dorme
O seu sono latente na véspera de mim.
E percorro países como esqueço palavras
E atravesso rios como desprezo leis
E pairo nas alturas com as costas voltadas
Aos séculos de pasmo que para trás deixei.
Avanço devagar para a hidra que dorme
O seu sono de pedra num abismo sem fundo.
É a hora em que a terra não gira,
Em que o vento não corre.
É o tempo do homem descobrir o mundo.
ARY DOS SANTOS, José Carlos, "Obra Poética", Edições Avante, Lisboa, 1999, p.77
Rebentam-me aos ouvidos as ampolas de sangue.
Avanço devagar para a hidra intangível
Que dorme no horizonte do lado do levante.
Fascinam-me o mistério do seu rosto sem nome,
O muro de silêncio que a separa de mim,
A jornada no escuro, os perigos, os escombros,
As barreiras de sombra a que vou pondo fim.
Avanço devagar para a hidra que dorme
O seu sono latente na véspera de mim.
E percorro países como esqueço palavras
E atravesso rios como desprezo leis
E pairo nas alturas com as costas voltadas
Aos séculos de pasmo que para trás deixei.
Avanço devagar para a hidra que dorme
O seu sono de pedra num abismo sem fundo.
É a hora em que a terra não gira,
Em que o vento não corre.
É o tempo do homem descobrir o mundo.
ARY DOS SANTOS, José Carlos, "Obra Poética", Edições Avante, Lisboa, 1999, p.77
6 Comments:
São horas.
O avanço é forçosamente lento.
A conquista do primeiro dia.
Não posso adormecer, não posso...
Serei como uma árvore na Primavera. Forte, a retomar os ramos, as folhas. A cada golpe, a cada dor, sofridos, um novo ramo estende-se e erguido ao Sol, liberta as folhas e as flores que são a sua vida.
Um beijo, amiga
He recorrido las
selvas
los mares
los continentes...´
Palpita el mundo
sobre un suelo de misterios
y misterosa se encuentra mi mente
buscando la infinitud
de mis ensueños....
De unos versos míos que me han recordado los que hoy nos muestras.
Un beso Dulce.
Tão cedo não teremos um poeta tão veemente, um declamador tão emociona(nte)do...
Bela escolha, Dulce.
Bjs
Querida amiga, estive meio ausente mas já estou voltando, pouco a pouco... Gostei de poder ler-te outra vez!
Muitos beijos, flores e muitos sorrisos neste começo de nova semana!
Ary sempre:) beijos
Qualquer dos poemas de Ary dos Santos, daqueles que já li, me fascina. Gostaria imenso de ter tido o privilégio de o ter conhecido pessoalmente. Permanece em mim, intemporal, imortal e um Poeta. Beijos, Rosa.
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