Retrato de Manuel Alegre
Alegre Manuel alegre até à morte
Que lindo nome para um homem triste
Que lindo nome para um homem forte.
Alegre Manuel despedaçado
Pela espada da língua portuguesa:
A palavra saudade a palavra tristeza
A palavra futuro a palavra soldado
Alegre Manuel aberto cravo
Aos ventos da certeza.
Alegre Manuel aqui mais ninguém fala
Tão alto como tu ninguém se cala
Com essa dor serena e construída
Não apenas de versos mas de vida.
Alegre Manuel as línguas do teu canto
Ateiam-nos o fogo.
Neste lugar de lama e desencanto
Tornas vermelho o povo.
José Carlos Ary dos Santos, “Fotos-grafias”, Quadrante, Lisboa, 1970
Que lindo nome para um homem triste
Que lindo nome para um homem forte.
Alegre Manuel despedaçado
Pela espada da língua portuguesa:
A palavra saudade a palavra tristeza
A palavra futuro a palavra soldado
Alegre Manuel aberto cravo
Aos ventos da certeza.
Alegre Manuel aqui mais ninguém fala
Tão alto como tu ninguém se cala
Com essa dor serena e construída
Não apenas de versos mas de vida.
Alegre Manuel as línguas do teu canto
Ateiam-nos o fogo.
Neste lugar de lama e desencanto
Tornas vermelho o povo.
José Carlos Ary dos Santos, “Fotos-grafias”, Quadrante, Lisboa, 1970
posted by Maria at 10:35 da manhã
7 Comments:
Que bom ler um poema de Ary dos Santos.
Escrevia as palavras certas e eu revejo-me nelas.
Que pena o poeta Ary ter morrido tão cedo.
Do poeta Manuel Alegre, também gosto das palavras em verso que escreve. Infelizmente de nada mais. O que o Ary aqui escreveu foi publicado em 1970. Era o Manuel Alegre em 1970.
Os homens mudam...
Quase todos...
bjs.
Desconhecia este poema:)Ary era genial! beijos
Um retrato de Alegre,
quando triste,
num cenário que hoje não existe, como consegui-o Ary revelar foto tão bem colorida, em tempos escuros.
Alegre até à morte.
Mais uma bela escolha, Dulce
parabéns e um beijo.
Boa tarde Dulce. La poesía nos envuelve y nos hace simples porque en la simpleza de la vida se descubre la VIDA. Besos.
Nesta minha primeira visita em 2006, quero desejar o melhor para ti!
Beijo da Lina/Mar Revolto
Dois poetas que nunca morrerão... na memória do Povo.
Obrigado Dulce pela música e pelo poema.
Fabulosa sempre, nas selecções que nos trazes.
Bji
Bom dia Dulce.... um 2006 cheio de Alegrias.
Já cá estou de regresso a estas "fugas".
Fica bem
Bj Vagabundo
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