quarta-feira, dezembro 21, 2005

Se não fosse ...


A praia está deserta. Apenas o mar e eu. Maré baixa. A areia por pisar, inviolada. Um bando de gaivotas agrupa-se à volta de um charco. Imóveis, aguardam. Reflectem-se os seus corpos esguios na água clara.
Ondas rebentam ao longe. Uma curvatura perfeita e lisa, progressivamente, quase calculadamente, desfeita em espuma. Umas atrás das outras numa sucessão perfeita. As pequenas gotas que flutuam sobre elas são a vida que delas se desprende.
Aqui onde estou frente a este mar imenso, tenho o sol que me aquece e o mar que me embala.

(Não fosse esta funda angústia que me assola, diria ser um dia perfeito)

O mar, a solidão, o som cavo e constante que se eleva até mim, profundo e vital.
Algo assustou as gaivotas. Levantam-se em bando e esvoaçam desencontradas, como num bailado mal ensaiado. Umas voam para longe, outras pousam na água e extasiam-se como eu a olhar o mar.
A linha do horizonte demarca claramente o céu e as águas. Ao longe o Bugio emerge do mar na sua forma arredondada, nítido no seu recorte. Apenas por detrás, a costa de Cascais e a serra estão embrulhadas em neblina. No lado oposto tudo brilha. O sol pousa nas águas e desenrola a sua esteira dourada.
Aqui onde me sento frente ao mar, olho as ondas e a sua curvatura perfeita e deixo-me envolver por esta luz mágica do meio-dia, por este sossego que me acolhe como um berço.

(Não fosse esta funda angústia que me assola, diria ser um dia perfeito)

(Foto minha)

9 Comments:

Blogger escrevi said...

Olhei o mar da tua foto. O mesmo que tu olhaste hoje e queria poder levar-te com as ondas, o alento que te tirasse essa angústia.
Confia que vais encontrar a força necessária para construíres o dia que sentirás perfeito.


Bjs.

5:49 da tarde  
Blogger José said...

Que rica manhã de inverno, pena é, teres levado o outono.

"Amostra sem valor

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

António Gedeão "

7:01 da tarde  
Blogger contradicoes said...

Também sou um admirador do mar. Gosto dele em qualquer época do ano e nunca me canso de o olhar. Gostei deste post.
Aproveito a oportunidade para desejar à autora um Natal com tudo do mais agradável que possa desejar. Com um abraço do Raul

7:50 da tarde  
Blogger Su said...

ai o mar... que nos leve a angústia e nos lave a alma....

passei para desejar-te um feliz natal e um ano novo cheio de coisas belas, para ti e todos os teus

mil jocas maradas de natal

9:51 da tarde  
Blogger AQUENATÓN said...

Saúdo em ti, o novo estado de espírito resultante dessa viagem até ao mar ...
ao encontro desse dia " quase perfeito ".
FELIZ NATAL

BJi

11:53 da tarde  
Blogger lena said...

não deixes a angústia tomar conta de ti,
que todos os dias sejam perfeitos para ti
adoro o mar e não me consigo imaginar sem o ver todos os dias, as ondas no seu vai e vem, levam para bem longe os meus momentos menos bons, por isso faço dele a minha companhia

baila como as gaivotas menina linda e sorri

beijinhos meus

lena

12:32 da manhã  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Hola amiga. Te deseo una Feliz Navidad. Con amor y con muchos deseos de vivir. Un beso.

12:51 da manhã  
Blogger Maria Carvalho said...

'A funda angústia que assola...' na respiração do mar flutua e inebria-nos. O dia será perfeito... Beijinhos, Dulce.

8:58 da manhã  
Blogger lobices said...

...beijinho de feliz natal

11:41 da manhã  

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