XLIX
Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas-noites,
E a minha voz contente dá as boas-noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva.
Ou tempestuoso como se acabasse o mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Ser ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
CAEIRO, Alberto, "Poesia", Assírio & Alvim, Lisboa, 2004, p. 87
Trazem o candeeiro e dão as boas-noites,
E a minha voz contente dá as boas-noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva.
Ou tempestuoso como se acabasse o mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Ser ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
CAEIRO, Alberto, "Poesia", Assírio & Alvim, Lisboa, 2004, p. 87
5 Comments:
Pues tú, Dulce, reflejas todo eso: mansedumbre, río placentero que discurre suave, casi en un murmullo. Besos.
Quierude e apaziguamento, também são imprescindíveis. Sobretudo, nestes nossoa dias em que a "luz" da TV parece tiranizar...
Bjs
já te disse que gosto do teu blog?
adoro.o
sempre belos poemas, lindas escolhas, palavras cheias...
adoro caeiro
jocas maradas
Vale sempre a pena voltar a esta ilha criada em "trova"...nem que seja para ouvir a memorável "canção do vento que passa"....mas mensagem que não acaba!
Mas ainda há poesia, sempre de escolha muito especial.
"E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme".Brilhante!
Saudações de Apiur
sinto-me bem aqui no teu blog
tens escolhas perfeitas
Caeiro é dos que mais gosto de ler
para ti:
É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.
Alberto Caeiro
beijinhos meus
lena
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