Em silêncio
À noite
no momento en que a porta do quarto
se fecha -
o silêncio.
Respiro profundamente,
e gozo o infinito prazer
de estar só.
Dispo as roupas e as máscaras
e viajo pela noite
apenas envergando o meu Eu,
protegida por este silêncio que me envolve.
Na rua
há um outro tipo de silêncio.
Aquele com que me visto
e me protejo do bulício
da cidade.
E também estou só.
As gentes que me rodeiam
nem me tocam, nem me afectam.
Estão como que num mundo paralelo -
um mundo por vezes feio,
por vezes frio.
Que não quero.
Do qual me protejo.
O silêncio de uma casa vazia
de ocupantes.
A minha, algumas vezes.
Protector.
Inspirador.
Um café bebido à janela
em dias de chuva.
Os vidros brilhantes e frios.
Embaciados.
As gotas de chuva são como
pequenas pérolas de prata
que iluminam a noite.
O calor da chávena nas minhas mãos.
O embalo do silêncio.
A paz.
Uma dádiva, este silêncio com que me visto ...
Em silêncio ...
(Foto em http://www.trekearth.com)
8 Comments:
Descreveste o que sinto quando estou feliz. Obrigado por o fazeres tão bem.
...Esse silêncio que te afaga! -- Acrescentaria eu.
Muito bem construido este poema.
Bjs
Belo poema. Poeticamente descritivo. bjs
lindo poema
amei lê-lo
jocas maradas
O Silêncio ...
"...e gozo o infinito prazer de estar só ..."
A necessidade de nos encontrarmos com nós mesmos...e ouvir a alma gritar que afinal, existimos mesmo quando a multidão nos ignora !
Belo poema e boa escolha... como sempre !
É óptimo estarmos a sós connosco própio, dialogarmos connosco próprio, o mundo é nosso e tem a forma que imaginarmos para ele com connosco próprio. Todas as fantasias são realidades partilhadas connosco próprio. Tudo é saboreado conosco próprio, os outros ficam de fora.
Um abraço. Augusto
Querida amiga!
Hoje eh dia de festa la em casa outra vez... gostaria de poder contar com tua presenca tao querida, para comer um pedacinho de bolo comigo... :o)
Muitos beijinhos para ti!
Silêncio sim. Uma chávena quente. Vidros embaciados. Beijos.
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