sábado, dezembro 10, 2005

Casa


Manhã de azul.
Manhã de esperança.
Aqui nesta casa vazia
olho os meus retratos antigos.
Sorrisos puros de criança
que ainda não viveu.
Sorrisos ternos de uma mulher
em momentos únicos.

Aqui nesta casa vazia
onde procuro o silêncio
e a paz
encontro o passado
que me olha de revés
como se dissesse
- o que fizeste?

Manhã de azul.
Manhã de luto
nesta casa vazia.
Os meus passos ecoam perdidos
ao encontro de outros passos
já mortos.
Olho aquele canto do sofá
antes ocupado por ti.
E já lá não estás.
Tento imaginar-te e falar contigo
encostar a cabeça no teu colo
para que me afagues.
Mas é o vazio que encontro.
Ainda ouço a tua voz,
o teu timbre ríspido
e a tua sonora gargalhada.

Aqui nesta casa vazia
onde só eu ando,
que eu procuro,
que eu preciso que me envolva
como um abraço.
Aquele abraço que já não me podes dar.

(Foto em http://www.trekearth.com)

14 Comments:

Blogger Dinamene said...

Bonito, bonito.

"la casa, el rincón, el recuerdo, la flor, la escoba, el paseo, la mirada, el susurro, la tristeza..."

todo está en nuestras manos para ser acariciado...
Besos Dulce, un buen día.

11:51 da manhã  
Blogger Maria Carvalho said...

Saudade, dôr, lamento, sentimentos que as palavras tão bem exprimem neste poema lindo! Recordações que guardamos ciosamente, só nossas, para sempre! Beijos, Dulce, gostei muito, desejo-te um bom fim de semana.

1:39 da tarde  
Blogger wind said...

bonito e nostalgico poema de recordações. beijos

1:39 da tarde  
Blogger lena said...

manhã azul de uma esperança, onde se sente a saudade

belo o que consegues transmitir

beijinhos

lena

2:34 da tarde  
Blogger escrevi said...

Queria dizer-te algo que está para além da simples construção de uma frase. Porque somos irmãs as tuas recordações são as minhas. Não as pessoas nem os locais mas os sentimentos. Ambas conhecemos bem o vazio provocado por as termos perdido, mas amiga, há que viver esses momentos com a saudade que sempre teremos e que procuramos mais quando necessitamos de colo. Do colo delas. Aí realizamos que já lá não estão!
E então é aquela tristeza que dói fundo mas que nos faz sentir mais perto porque as recordamos. E como os egipcios diziam enquanto as recordarmos não morrem.
Mas a vida corre celere e é preciso seguir em frente. E não esquecer que outros também precisam do colo que nós ainda lhes podemos dar.
Bjs. grandes.

2:37 da tarde  
Blogger vero said...

Saudade...esse sentimento que nos toca fundo na alma e nos faz doer... gostei muito de ler Dulce!

Beijinhos***
e
mil sorrisos :)))

3:07 da tarde  
Blogger AQUENATÓN said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

3:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Minha tão terna Dulce...
em nada és lamechas,és doce
e eu entendo-te tão bem...
És vidro como um amigo
sempre me diz!
E como é lindo o que escreves sempre...
Um abraço cheio de carinho
de alguém que sempre conquistaste.
A.

4:00 da tarde  
Blogger AQUENATÓN said...

A saudade ...o canto da sala vestido por alguém que já não está, mas cuja ausência está sempre presente...

Acredita no reencontro Além !

Vai ver o mar ... Sorri!

Bji

4:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Poéticamente bonito, o interior desta "casa" a simbolizar os nossos sentires inteiores. Beijinhos.

9:42 da tarde  
Blogger Peter said...

Um poema triste, mas belo e muito sentido.
Gostei em especial:

"Aqui nesta casa vazia
onde procuro o silêncio
e a paz
encontro o passado
que me olha de revés
como se dissesse
- o que fizeste?"

O passado, que é a nossa vida, que fizemos dela?

Deitámo-la pela janela fora ...

10:01 da tarde  
Blogger Helder Ribau said...

muitos parabens... ditosecontos.blogspot.com

11:30 da tarde  
Blogger Su said...

belo poema, mas muito dorido...como eu estou
buaaaaaaaaaaaaa gostei mas buaaaa
jocas maradas

1:00 da manhã  
Blogger Helder Ribau said...

hj n resisti.. e voltei.. o blog esta absolutamente genial...

4:22 da tarde  

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