sábado, dezembro 17, 2005

No dia último


Um dia, no dia último,
Adormecerei.
Não adormecerei em paz
Mas em desafio
Não dando à vida tréguas
Que na vida, a vida
Não mas concedeu.
Não justificarei um minuto que vivi
Não justificarei um só acto que pratiquei
Não pedirei absolvição
Não perdoarei o imperdoável
O intolerável, o que não entendi.
No dia último
No dia em que adormecer em desafio
Sairei como entrei no mundo
Como vivi o mundo.
Lutando pelo direito de estar
Conquistando o direito de ser.
E adormecerei
Desafiando a vida a negar-me o direito
De no dia último
Adormecer.

Encandescente, Colecção Polvo, ed. por Rui Brito, Lisboa, 2005, p.54

(Foto em www.chromasia )

6 Comments:

Blogger escrevi said...

Que bonito!

bjs.

12:57 da tarde  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Bonitos versos, amiga Dulce.
Si estuviera un poquito más cerca me encantaría asistir a ese encuentro. Seguro que será muy agradable. Un abrazo.

2:43 da tarde  
Blogger Maria Carvalho said...

Lindo! Beijos, Dulce.

6:04 da tarde  
Blogger augustoM said...

Um bonito poema, contudo, muito discutível a ideia que encerra.
Um abraço. Augusto

10:07 da tarde  
Blogger Menina Marota said...

"...Sairei como entrei no mundo
Como vivi o mundo.
Lutando pelo direito de estar
Conquistando o direito de ser."

Um belo Poema, a que nos habituou a Encandescente, na sua forma espantosa de se expressar. Gostei.

Um abraço carinhoso e FELIZ NATAL ;)

10:11 da tarde  
Blogger Poesia Portuguesa said...

Subscrevo as palavras da minha "gémea" Marota e desejo a todos um FELIZ NATAL

Um abraço carinhoso ;)

10:12 da tarde  

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