No dia último
Um dia, no dia último,
Adormecerei.
Não adormecerei em paz
Mas em desafio
Não dando à vida tréguas
Que na vida, a vida
Não mas concedeu.
Não justificarei um minuto que vivi
Não justificarei um só acto que pratiquei
Não pedirei absolvição
Não perdoarei o imperdoável
O intolerável, o que não entendi.
No dia último
No dia em que adormecer em desafio
Sairei como entrei no mundo
Como vivi o mundo.
Lutando pelo direito de estar
Conquistando o direito de ser.
E adormecerei
Desafiando a vida a negar-me o direito
De no dia último
Adormecer.
Encandescente, Colecção Polvo, ed. por Rui Brito, Lisboa, 2005, p.54
(Foto em www.chromasia )
6 Comments:
Que bonito!
bjs.
Bonitos versos, amiga Dulce.
Si estuviera un poquito más cerca me encantaría asistir a ese encuentro. Seguro que será muy agradable. Un abrazo.
Lindo! Beijos, Dulce.
Um bonito poema, contudo, muito discutível a ideia que encerra.
Um abraço. Augusto
"...Sairei como entrei no mundo
Como vivi o mundo.
Lutando pelo direito de estar
Conquistando o direito de ser."
Um belo Poema, a que nos habituou a Encandescente, na sua forma espantosa de se expressar. Gostei.
Um abraço carinhoso e FELIZ NATAL ;)
Subscrevo as palavras da minha "gémea" Marota e desejo a todos um FELIZ NATAL
Um abraço carinhoso ;)
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