Balão esvaziado
Cansei os braços
a pendurar estrelas no céu.
Destino dos fados lassos.
Tudo termina em cansaços
braços
e estrelas
e eu.
A vida flui (parece) como um novelo que se desenrola
como um leque silencioso que se abre,
enquanto, no ovo, um rumor se encaracola, se encaracola e desenrola,
até quando, num repente,
se dispara, incandescente,
como na dança do sabre.
Ó delírio de sentir,
doença de interrogar,
febre do nunca atingir!
Temperatura de partir
na esteira do insaciar.
Rescendem húmus as ancas,
terras morenas e brancas,
campo de jogo androceu.
Afrouxam os braços lassos.
Tudo termina em cansaços,
terras
e braços
e eu.
Estrelas, pântanos, abismos,
patamares da mesma escada,
dedos da mesma aliança.
Tudo morre em tédio e em nada.
Tudo maça.
Tudo enfada.
Tudo pesa.
Tudo cansa.
António Gedeão, "Poemas Escolhidos", Edições João Sá da Costa, Lisboa, 1997, p.20,21
a pendurar estrelas no céu.
Destino dos fados lassos.
Tudo termina em cansaços
braços
e estrelas
e eu.
A vida flui (parece) como um novelo que se desenrola
como um leque silencioso que se abre,
enquanto, no ovo, um rumor se encaracola, se encaracola e desenrola,
até quando, num repente,
se dispara, incandescente,
como na dança do sabre.
Ó delírio de sentir,
doença de interrogar,
febre do nunca atingir!
Temperatura de partir
na esteira do insaciar.
Rescendem húmus as ancas,
terras morenas e brancas,
campo de jogo androceu.
Afrouxam os braços lassos.
Tudo termina em cansaços,
terras
e braços
e eu.
Estrelas, pântanos, abismos,
patamares da mesma escada,
dedos da mesma aliança.
Tudo morre em tédio e em nada.
Tudo maça.
Tudo enfada.
Tudo pesa.
Tudo cansa.
António Gedeão, "Poemas Escolhidos", Edições João Sá da Costa, Lisboa, 1997, p.20,21
5 Comments:
O ritmo de Gedeão ... a palavra certa e a emoção contagiante.
Bji
Não conhecia este poema. É lindo! Beijinhos para ti, Dulce.
É António Gedeão!
Não conhecia e gostei muito.
Este jogo de palavras que ora avança, ora recua, que se entrelaça e desenlaça (como ele diz) é como a vida. Hoje muito embaraçada, amanhã desenrolada.
Bjs.
Oi miguinha linda,
Vim aqui deleitar-me com as novidades do teu Bloguinho cheio de bela poesia como este Post com António Gedeão.
Estes últimos meses de 2005 têm sido uma desgraça para mim em matéria de tempo em geral e para a net em particular :(
Espero que o Pai Natal me ponha no sapatinho mais tempo para 2006...
Aproveito para te deixar aqui os meus votos sentidos de um Feliz e Santo Natal extensivos a todos os que te são queridos.
Complemento ainda com desejos de um 2006 repleto de sucessos pessoais e profissionais.
Um Xi-Coração quentinho, recheadinho de beijokas Natalícias
Um Feliz Natal para a visitante nais assídua daquelas cartas...
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