Na Mesa do Santo Ofício
Tu lhes dirás, meu amor, que nós não existimos.
Que nascemos da noite, das árvores, das nuvens.
Que viemos, amámos, pecámos e partimos
Como a água das chuvas.
Tu lhes dirás, meu amor, que ambos nos sorrimos
Do que dizem e pensam
E que a nossa aventura,
É no vento que passa que a ouvimos,
É no nosso silêncio que perdura.
Tu lhes dirás, meu amor, que nós não falaremos
E que enterrámos vivo o fogo que nos queima.
Tu lhes dirás, meu amor, se for preciso,
Que nos espreguiçaremos na fogueira.
José Carlos Ary dos Santos, "Obra Poética", Edições Avante, Lisboa, 1999, p.67
(Foto minha)
9 Comments:
Também tenhoesse livro, mas é raro editar algo dele, porque se calhar sou egoísta, quero só para mim:) Belo poema, como só o Ary os fazia;) beijos
"É no vento que passa que a ouvimos,"
"Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade é bastante!"
Ary dos Santos
Eternamente belo, eternamente Ary
Um beijo e bom fim de semana.
Fiquei a ouvir os sons do poema, que me esqueci de falar nos tons da fotografia. Foto espectacular, muito bem conseguida. Parabéns à fotografa.
Muito lindo.
Bjs.
Existem palavras que de tão belas não permitem que um vulgar ser humano diga mais alguma coisa! Beijos para ti.
Tu lhe dirás ...meu amor,
que enterrámos vivo o fogo que nos queima!
SUBLIME !
Bji
Muito bonito, mais uma excelente escolha Dulce.
Bjs
uma saudade: Ary
"É no nosso silêncio que perdura"
lindo!
como sabes escolher bem Dulce
beijinhos
Bonito poema do saudoso Ary...obrigado por esta partilha tão imensa, enorme, como ele o foi (é)! Beijos e boa semana
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