sábado, outubro 29, 2005

Manhã de sábado


Este vento que sopra prenuncia chuva. O céu está carregado e ouço de vez em quando as gaivotas no seu quase choro intermitente. Planam como que perdidas, longe de um espaço que é o seu.
Aqui neste café onde me sento, sou a única. Madrugadora, nesta manhã de sábado que é de tratar de um monte de pequenas coisas. Gosto de aqui vir pela manhã. Sento-me na esplanada que se debruça sobre a praça. Trago um livro e umas folhas de papel. Peço um café. Lá dentro ainda decorrem as limpezas matinais. Aqui fora só se ouve o vento, as gaivotas e as crianças que correm lá em baixo. Hoje nem isso. Abandono o livro sobre a mesa e fixo o longe. O contorno dos prédios. O relvado. As árvores que se vergam sacudidas pelo vento. E pego na caneta para escrever. Aconchego o casaco e espreito para dentro do café. Estaria melhor no interior, mas as limpezas não convidam ao recolhimento. Daqui a pouco vou pegar no meu livro e embrenhar-me nele.
Na praça, duas pessoas avançam lentamente, lutando contra um vento que as obriga a caminhar curvadas. Os pombos que aqui costumam andar, hoje desapareceram. Os outros cafés têm as esplanadas vazias. Quase parece um espaço fantasma. Hoje, abandonado e triste.
Uma cidade esvaziada nesta manhã cinzenta de sábado.

(Foto em www.chromasia.com)

9 Comments:

Blogger vero said...

Não gosto nada destes dias...fico tão melancólica, se ando um pouco triste, fico pior! Honestamente não gosto nada do inverno... muitos gostam de ficar em casa, mas eu como me separei recentemente do meu marido, estar em casa, sufoca-me, entendes? Desculpa o desabafo... há dias assim, em k estou impossível...lol...
Olha já agora podes dizer-me como fizeste para colocar o mini player no blog?
Beijinhos***

1:38 da tarde  
Blogger AQUENATÓN said...

" Não me peças mais canções
que a cantar eu vou sofrendo
Sou como a vela de um altar
que dá luz e vai morrendo ... "

" tem quatro letras apenas
a triste palavra amor
menos uma de que morte
e mais uma do que dor... "

( Luis Goes, Fado de Coimbra )

Para ti, nesta tarde de chuva ..

Bji

3:03 da tarde  
Blogger Su said...

gostei do teu texto
gosto de explanadas e gosto de rabiscar, mas deste lado do mar, a chuva não permitia....
mas gostei dessa tua explanda q dá para uma praça:))))
jocas maradas

7:15 da tarde  
Blogger wind said...

Gostei:) São mesmo assim os dias de chuva num sábado. Parece que toda a gente desaparece.

7:42 da tarde  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Gracias Dulce. Preciosa descripción la que haces. Puedes entrar en www.porelcaminoverde.blogspot.com
Un abrazo.

9:49 da tarde  
Blogger Ana Fundo said...

"Na Esplanada em vão, me projecto para aonde me sinto...tento ver sem me ver na esperança subita de saber...."
Com este teu texto fizeste-me lembrar a musica dos Trovante...
Aiiii....Saudades!!!
Beijinhos
Ana Paula

11:07 da tarde  
Blogger AQUENATÓN said...

Obrigado pelo poema e pelas palavras, Dulce ! És mesmo amiga !

Bji

1:17 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Então e não sabe tão bem, de vez enquando, não sentir vivalma? Mas sabemos que nunca será por muito tempo, porque o sol vai voltar noutro sabado qualquer... Sabe bem porque sabemos que elas estão cá!

Beijos
Bom fim-de-semana!

1:33 da manhã  
Blogger Rui said...

Os dias melancólicos, se bem aproveitados, podem ser muito interessantes. Eu gosto deles.

12:36 da tarde  

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