sábado, abril 01, 2006

Caminhos...


Muitas vezes na vida temos que alinhar a direcção. Os caminhos que havíamos escolhido tornam-se pedregosos e algumas vezes, abruptamente interrompidos, sem bem percebermos porquê. São estes percalços que nos tolhem a marcha que nos obrigam a parar e a pensar qual o melhor caminho alternativo.
Olhamos para um dos lados, e uma bela estrada se abre para nós. O piso bem alinhado, as bermas repletas de flores primaveris. Focamos a distância, mas alguma bruma a meio do caminho nos impede de ver bem, parecendo até que se esbatem as cores e que o piso se esconde atrás de sinuosas curvas e contra-curvas.
Do outro lado, o caminho ramifica-se ainda, deixando perceber de um dos lados, uma estrada nova e bem calcetada e do outro, uma mais pobre, onde a erva rebenta teimosa nos interstícios da calçada. Ao fundo tímidos raios de Sol desenham clareiras luminosas, pequenos charcos de luz.
Tão difícil por vezes escolher o caminho ... O medo de errar, de fazer uma má opção, convida-nos a longos momentos de reflexão, obriga-nos a pesar prós e contras, vezes sem conta.
Parece tão fácil escolher o caminho mais luminoso e melhor delineado, e é para lá que os nossos passos, tornados autónomos, se dirigem para além da nossa vontade.
Atrás de nós, se nos atrevermos a olhar, se tivermos a coragem para fazer o balanço, está um caminho longo em que os dias de Sol se alternaram com os de nevoeiro e sombra. Um caminho em que a erva um dia já foi verde e em que as flores despontavam viçosas. Agora debruçam-se sem vida sobre o pó da estrada.
Voltar para trás não. Apenas olhar em frente. Mas qual dos caminhos seguir? Correr decidida para onde me leva o coração, ou ficar aqui banhada por esta luz baça que mal me aquece, neste tempo suspenso? E até quando?
É sempre difícil dar o primeiro passo - sair da inércia que nos envolve fortemente com seus laços.
É sempre doloroso mudar de rumo!

(Foto minha)

11 Comments:

Blogger escrevi said...

É humana a dúvida.
Seja qual for a decisão que se tome, na vida, quando se trata de "mudar de caminho", a dúvida persiste.
E se me tivesse deixado seguir pelo caminho já conhecido? Ou: E se tivesse decidido enveredar pelo outro caminho?
Mas não é a dúvida que nos faz viver, é o orgulho de ter coragem para decidir e a partir daí não olhar para traz.
E os amigos estarão sempre presentes para apoiar qualquer decisão por nós tomada.
Por isso são amigos!

Um beijo, amiga.

12:17 da tarde  
Blogger Maria Carvalho said...

Não é bem o que sinto...as escolhas, para mim nem existem escolhas, os caminhos aparecem e eu vou por um deles. Bom, mau, pedregoso, liso? Cheio de nevoeiro ou cheio de luz? Pouca importa. É por esse que eu vou...Beijos.

2:42 da tarde  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Hola Dulce. Tu texto refleja a la pefección nuestra ritmo vital. Elegir. Ésto o quéllo. Acertar o descertar.

La vida es un constante dilema que nos hace zozobrar. Y a veces es necesario dudar porque ninguna decisión es la acertada absolutamente.

Tu texto, como todos, son un remanso de calma lo que se agradece. Un beso.

3:23 da tarde  
Blogger José said...

O trilho da vida!

Complicado quando começamos a construir um caminho, quando a meio da construção vêm uma tempestade e perdemos a parte mais bela construída, levantamo-nos e recomeçamos e chegamos a um dado momento que descobrimos que o caminho não era aquele, errámos os cálculos, está cheio de muros e queremos começar de novo, mas agora já não temos material, nem muito tempo e no entanto sabemos que descobrimos o trilho certo do nosso caminho, aquele que nos leva aos nossos desejos. Que fazer? Continuar no caminho mal calculado, entre muros ou seguir os nossos desejos percorrendo o trilho da vida!

“Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí.

José Régio “

Belo texto, dos Caminhos…
Beijinho e bom fim-de-semana

5:05 da tarde  
Blogger contradicoes said...

A reflexão atenta para uma melhor escolha do caminho a percorrer a será o mais indicado, embora o aconselhamento com alguém a quem possamos confiar as nossas dúvidas também não deverá ser uma hipótese a desperdiçar. Que a escolha do caminho seja a acertada são os meus votos.

5:59 da tarde  
Blogger Su said...

a vida, as opções, os riscos, as dores, os medos, o tempo.... novos rumos implicam o pensar e repensar... q bem q te entendo...

como na música, eu sou igual a ti...
jocas maradas

10:43 da tarde  
Blogger luis manuel said...

Amiga Dulce
Doloroso mudar de rumo...
Se olharmos para trás e apenas vermos flores sem vida, desfeitas no pó do esquecimento, e onde o nevoeiro e a sombra nos atrapalhem o olhar; na exclamação que deixas (a qual sinto fortemente neste momento) será mesmo doloroso.
No entanto, se revermos o caminho percorrido e nos apercebermos da convivência natural entre a luz do Sol e a escuridão da Sombra; reconhecermos que algumas vezes percorremos caminhos sinuosos e até traiçoeiros, mas ao mesmo tempo redescobrimos aquela Luz que nos guia e acompanha sem timidez, no retomar ciclico de estradas sempre novas e floridas, acreditaremos que não é doloroso assim.
Mas afinal, dói ou não dói ? ~
Talvez doa... mas talvez seja só na hora de rodar o leme. Porque depois a rota já está traçada, e se as velas erguidas forem sopradas por ventos fortes de confiança e esperança no futuro, o passado saber-nos-á sempre deliciosamente rico, e o presente uma escolha firme e sem permitir que os passos sejam dados sem vontade própria.

A vida uma viagem... que não é feita individualmente.

Um beijo, amiga

12:07 da manhã  
Blogger wind said...

Muito bem escrito, concordo que é doloroso, mas tem de se fazer, senão estagnamos e morremos em vida. Boa foto:) beijos

1:08 da manhã  
Blogger João said...

Bom fim de semana

8:51 da manhã  
Blogger Dulce Gabriel said...

Voltar atrás nunca.Por mim o lema é sempre seguir em frente.Seja em que circunstancia fôr é preciso é caminhar SEMPRE DE CABEÇA ERGUIDA.Bjos Dulce.

8:51 da manhã  
Blogger Mitsou said...

É doloroso, sim, amiga.
Mas, se o não fizermos, nunca saberemos o que se esconde na curva do caminho...

Adorei o texto pelo que li e pelo que senti.

Beijinho doce e uma óptima semana

11:53 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home