Memória de um dia no Alentejo
O autocarro percorria inúmeros pequenos povoados. Casas baixas de branco e azul caiadas, reluzentes naquele dia chuvoso e cinzento.
À tarde, após o almoço, a visita a Monsaráz. Uma jóia incrustrada no cimo da colina.
Perdida no tempo. O xisto das calçadas brilhante, reflecte memórias antigas. O céu de chumbo ameaçava, e nas ruas apenas nós andávamos, peregrinos em busca dos ecos perdidos de vidas passadas.
A Igreja Matriz, a Casa da Inquisição, a bela Rua de Santiago e a Rua Direita. Apenas em pequenos cafés se detectava a vida, vozes calorosas nesta tarde de Outono. Pequenos grupos conversando, abrigados.
Houve ainda tempo para percorrer a nova ponte sobre o Guadiana, e ver as terras alagadas, numa paisagem recriada pela mão do Homem.
Pelo caminho ficou a imponência das pedras erguidas há quase sete mil anos. Monumento funerário ou símbolo de uma religiosidade simples e pura - o Cromeleque do Xerez - deslocado do seu local de origem por força dos progressos de hoje. Tocamos aquelas pedras e partilhamos algo de mágico e também de profundamente inerente ao Homem e às suas raízes. Tocamo-las e viajamos no tempo, participando de ritos ancestrais.
A chuva continua a cair persistente ainda hoje. Vejo-a agora através das janelas deste café sobre a praça onde me encontro, abrigada e entregue a esta segunda viagem pelo Alentejo agora apenas recordada. A chuva é a mesma, mas esta apenas lava as ruas da minha cidade, e o mesmo céu de chumbo de ontem, entristece agora as cores já cinzentas do meu dia.
(Fotos minhas)
12 Comments:
Gostei de ler!!!
O dia está chuvoso...triste até...mas mesmo assim desejo-te um bom Domingo!!!!
Beijinhos***
Alentejo da minh'alma tão longe me vais ficando ...
Obrigado pela lembrança desse Alentejo nostálgico e puro ...
Bji
O Alentejo é sempre uma delícia seja em que estação for.
(Aviso à navegação: tenho uma costela alentejana!)
è pena que o rigor das estações, o desinteresse político central e tantos e tantos outras atitudes tenham contribuido para que a região esteja tão isuficientemente acompanhada como a dignidade daqueles que teimam em lá ficar e viver mereceria.
Bjs
Estive no domingo passado em Castro Verde e ao fim da tarde com grande pena do meu amigo que visitei o aguaceiro que caíu ainda não foi suficiente para fazer
crescer a erva nos pastos que é tão necessária para a alimentação dos animais. Gosto particularmente de Castro
Verde.
Gosto muito quando escreves coisas tuas nesse café:) Vi bem o que descreveste:) beijos
Também adoro Monsaráz.Tenho dessa terra as melhores recordações.Da paisagem á gastronomia até aos vinhos...EXCELENTE.
gostei de ler, parecia q estava a no mesmo autocarro que tu, gostei, viajei...
jocas maradas
e que belas memórias... Um beijo enorme de boa semana...!
Hoje comecei no meu blog uma "luta" irónica contra os insultos nos blogs... não só no meu mas nos outros... passas por lá e deixas a tua opinião?
:-)
beijo
Alentejo! Adoro o Alentejo. Obrigada Dulce pelas palavras que deixaste no meu último texto. Beijos
Era só para te dar conta do meu novo blog : BRISA IBÉRICA
http://iberiasemfronteiras.blogspot.com
Bji
Dulce, bonito documento, precioso texto y excelentes fotos.
Hummmm...que delicia!!!
Como é bom visitar o Alentejo, e ler as tuas palavras, é como estivessemos contigo nesse passeio.
Parabéns!!!
Beijos
Ana Paula
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