quinta-feira, setembro 29, 2005

Ainda há mar

Ainda há naus e viagem algures em nós
Ainda há mar
Ainda há naus para chegar ao outro lado
Lá onde só se espera
O inesperado

Talvez um dia por detrás do Ilhéu
Do meio da mágoa e da neblina
Porque ainda há viagem e Taprobana
Ainda há naus para passar
Além do tédio e da rotina

Ainda há mar

Ainda há naus para a abstracção
Matemática doa astros e dos ventos
Navegação do mito e seu teorema
Ainda há mar

Ao menos no poema

ALEGRE, Manuel, "Atlântico", D. Quixote, Lisboa, 1989, p.242

(publicado em 24/09/2005)