Libelo
Por caminhos só rectos, não sei ir.
Nos ínvios por que vou, não sei ficar.
Suspenso do passado e do porvir,
Venho e vou!, venho e vou!, não sei parar,
Abri asas nas mãos para fugir,
E raízes nos pés para amarrar.
(levava chão nos pés indo a subir,
Trazia céu nas mãos vindo a baixar...)
Eis, porém, que estes dons ultra-humanizam,
E os homens, meus irmãos, se escandalizam
E me espontam as asas e as raízes.
Assim se castram eles próprios, pobres!,
E tendo-se, mais vis, por mais felizes,
Se satisfazem com seus magros cobres...
José Régio, "Antologia Poética", Quasi, p.41
(publicado em 17/09/2005)
Nos ínvios por que vou, não sei ficar.
Suspenso do passado e do porvir,
Venho e vou!, venho e vou!, não sei parar,
Abri asas nas mãos para fugir,
E raízes nos pés para amarrar.
(levava chão nos pés indo a subir,
Trazia céu nas mãos vindo a baixar...)
Eis, porém, que estes dons ultra-humanizam,
E os homens, meus irmãos, se escandalizam
E me espontam as asas e as raízes.
Assim se castram eles próprios, pobres!,
E tendo-se, mais vis, por mais felizes,
Se satisfazem com seus magros cobres...
José Régio, "Antologia Poética", Quasi, p.41
(publicado em 17/09/2005)
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