quinta-feira, setembro 29, 2005

Quotidiano

Morre todas as noites uma águia
que só da minha vida se alimenta

Que mistura de cânhamo e de carne
no seu rasto de sangue me desvenda

Morre todas as noites no momento
em que volta a nascer a madrugada

E para lhe fugir ainda é cedo
E para celebrá-la já é tarde

David Mourão-Ferreira, "Quatro Tempos", p.24

(publicado em 10/09/2005)