segunda-feira, outubro 10, 2005

As primeiras chuvas

Chegaram as primeiras chuvas! E de tão inesperadas (ou tão desejadas) deram azo a uma reacção geral. Na blogosfera muitos são os posts sobre o seu aparecimento. Ora com alegria, ora com aborrecimento ou alguma nostalgia não há quem não fale dela.
E no fim acabaram por me motivar também!
Na minha adolescência, os primeiros dias de aulas coincidiam com o início de Outubro. Nessa altura os dias já eram frios mas com um sol vibrante que tentava compensar-nos. Lembro-me de passear no pátio, nos intervalos das aulas, e de como se me enregelavam as mãos enquanto fumava o meu cigarro (nesse tempo em que eu ainda fumava), e do fuminho que se soltava da respiração.
As primeiras chuvas vinham pouco depois. Tímidas primeiro, passando a mais intensas e por vários dias.
Os rapazes então desapareciam da porta do liceu. As motos arrumadinhas e silenciosas. O ponto de encontro era agora no café da esquina, que se enchia de conversas e de risos, envolvendo os fins de tarde no fumo dos cigarros.
Nos fins de semana de chuva ouvia música enquanto me entretinha a desenhar e a escrever no embaciado dos vidros, tristinha por não sair de casa.
Sempre gostei mais dos dias de semana, ainda que isso implicasse trabalho. Ainda hoje detesto fazer anos em fins de semana e não tenho aquela implicância com as segundas-feiras que a maior parte das pessoas tem. O dia de semana significa sair, ver gente, encontrar os amigos e nada consegue destruir estas vantagens.
Uma das coisas que adoro é passear à chuva - aquela chuvinha míuda, dita "de molha tolos". Chapéu debaixo do braço e cara levantada para sentir no rosto toda a sua frescura. Faz-me sentir bem. Faz-me sentir que participo de algo belo e vivo.
Hoje a chuva não era assim. Impossível dispensar o chapéu. Quando saí de casa, era bem cedinho, chovia bastante. Não fora o chapéu de chuva a escorregar enquanto tentava prender a mala que também teimava em deslizar, era quase revigorante.
Quando me pude sentar a olhar a chuva pela janela, respirei fundo, e gozei o prazer de a ver cair, tão certinha e direita, sem vento que a impelisse de um lado para o outro - uma barreira de água pura.
Depois, pouco a pouco, parou. A rua brilhava. Pequenas poças estendiam-se à beira da estrada e o sol que despontou reflectiu-se nelas.

3 Comments:

Blogger wind said...

E que bom que é:) bjs

10:47 da tarde  
Blogger saisminerais said...

Após um verão quente, que bem sabe sentir de novo o vento, a chuva ver as arvores lentamente se despirem para se prepararem para o inverno... já devem de estar tambem elas ansiosas por mudar de roupa, a nova coleção de outono já está no armario á espera, assim podia dizer que o outono é como as mulheres, sempre ansiosas por vestirem a roupa mais nova que teem...
beijo do Alexandre

4:34 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

que show teu blog...
lindos textoss..
parabenss
abraços

3:51 da tarde  

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