segunda-feira, outubro 10, 2005

Baile de máscaras

Contínua tentativa fracassando,
Minha vida é uma série de atitudes.
Minhas rugas mais fundas que taludes,
Quantas máscaras, já, vos fui colando?

Mas sempre, atrás de Mim, me vou buscando
Meus verdadeiros vícios e virtudes.
(-E é a ver se te encontras, ou te iludes,
Que bailas nesse entrudo miserando ...)

Encontrar-me? iludir-me? ai que o não sei!
Sei mas é ter no rosto ensanguentado
O rol de quantas máscaras usei ...

Mais me procuro, pois, mais vou errado.
E aos pés de Mim, um dia, eu cairei,
Como um vestido impuro e remendado!

José Régio, "Antologia Poética", Quasi, 2001, p. 39

(Foto de Nana Sousa Dias, que conheci através do blog da Encandescente)

2 Comments:

Blogger vero said...

É simplesmente lindo esse poema de Florbela... ela que viveu amores...intensamente, sofridos e enganadores... que amou com todas as suas forças, mas que sofreu mais ainda... destino triste e cruel o dela... mas lindos os seus escritos!
Muito obrigada Dulce...
Beijinhos***

1:21 da tarde  
Blogger A. Narciso said...

Muito bom este poema de José Régio, bem ilustrado fotograficamente.
Abraço

1:58 da tarde  

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