quinta-feira, setembro 29, 2005

As donzelas

Conheci a algumas. Não parecem
mortais. E nem se enfadam nem se riem
às gargalhadas. E acordam sempre
como se já estivessem maquilhadas,
rosadas, sem malícia, saudaveis.
Não usam nunca fato com casaco,
mas sim um véu de tule até aos pés.
Andam descalças mesmo no inverno,
nunca têm calor nem têm frio.
A vida inteira passam à espera.
Nunca se impacientam. Mas às vezes,
das vezes a imensa maioria,
não há dragão que queira sequestrá-las
nem cavaleiro andante que as salve.

Amalia Bautista, in Trípticos Espanhóis, Relógio D'Água p.39

(publicado em 03/08/2005)