terça-feira, outubro 30, 2007

Mais desabafos ... Se lhes tomo o gosto ...

"A Bifaninha" - era este o nome do restaurante onde fui jantar. Parece-vos normal concerteza, mas vão já deixar de achar quando eu vos disser que sou vegetariana. Não uma vegetariana convicta, daquelas que só se alimentam de legumes e derivados de soja. Não! eu transgrido um pouco. Como um peixinho ... bebo leite ... como ovos ... enfim algumas transgressões que me transformam numa meia-vegetariana apenas. Uma coisa eu não faço: comer carne! e assim já percebem porque é tão estranho eu ter escolhido "A Bifaninha".
Passo então a explicar: estou numa cidade que não conheço - Viseu -, e na rua onde durmo há vários restaurantes. Andando eu a espreitar o menu de cada um deles, cheguei à conclusão que este era o mais económico servindo além disso um dos meus peixes preferidos: peixe-espada. Vai daí toca de entrar, e tendo eu gostado tanto do que comi ao almoço, nada melhor do que repeti-lo ao jantar. Há muito tempo que não me empoleirava a um balcão! Este é daqueles restaurantes com um balcão corrido em u que nos obriga a fitar permanentemente os nossos companheiros da frente. À hora do almoço estava cheio de gente, mas ao jantar o cenário mudou um pouco. Como em todas as cidades, esvaziam-se de gente as ruas a partir da hora de fecho das lojas. Viseu não deve ser excepção pois a rua estava perto de se encontrar deserta, mas em oposição a isto encontro o dito restaurante com o balcão todo preparado para jantar, como se estivessem à espera de casa cheia. Sentada bem ao fundo da sala, no lugar mais protegido, e virada para a rua, via as poucas pessoas passarem - apressadas e friorentas - a caminho de suas casas. Terminei rapidamente a refeição e enfrentei também o frio da noite, aconchegando a gola do casaco para melhor me proteger. Os poucos metros percorri-os de um fôlego, procurando o conforto do meu quarto e aqui estou refugiada até de manhã.
Abençoado computador que traz o mundo até mim!! De uma coisa apenas sinto a falta. Imagine-se de quê?? Pois claro ... do Patudo e da Shibiuza! Então não é que depois de ter criado duas filhas, me vou ligar a dois felpudos!!! Não tenho juízo mesmo !!!

quinta-feira, outubro 25, 2007

Desabafo


Há dias em que tudo me desilude e assim hoje atrevo-me fugir à minha escrita habitual. Não, isto não é, nem pretende ser um diário. Já passei a época em que escrevia um. Também o tive até aos doze ou treze anos - um daqueles com capa almofadada e direito a cadeado. Belas e trabalhadas letras douradas a dizer "O meu Diário". Perdurou até ao dia em que a minha mãe o abriu e tomou conhecimento do meu namorico da altura, mas isto não vem realmente ao caso ...
O que interessa é que este espaço se tornou num veículo onde, normalmente em dias insatisfeitos, destilo aquilo que me vai na alma de uma forma mais ou menos poética. Mais ou menos trabalhada. Mais triste e definitivamente mais azeda.
Hoje não. Quero esquecer por um dia as formas literárias de escrita e queixar-me apenas! Fazer birra até, se tal me fôr permitido. Porque não? Cinquenta e um anos dá-me o direito de fazer birra. Bater com a porta! Dizer palavrões! E há dias em que nada menos que isto me apetece. E porquê, pergunta agora quem me lê já cheio de curiosidade? Tudo isto porque há certas particularidades nos indivíduos que me irritam sobremaneira sendo elas, a irresponsabilidade, o encolher de ombros perante uma decisão a tomar, a falta de consideração pelos outros. E também a enorme auto-estima que alguns têm que os faz pura e simplesmente ignorar os outros, apenas agindo em prol de si próprios e do seu imenso egoísmo.
Foram todas estas características dos indivíduos que me rodearam hoje que me levaram ao estado de irritação em que me encontro, mas como sou uma pessoa pacífica que entendo que não devo agredir quem me agride, antes devo manter o meu auto-controle e racionalidade, tenho por consequência ficar em estado interior de irritação-que-ameaça-descambar-num-mar-de-lágrimas ou na falta da tal racionalidade, com uma vontade de dar um murro em qualquer coisa ou de dar um berro a alguém.
Pronto, ficaram assim a conhecer este meu lado que tenho vindo com tanto cuidado a ocultar e ainda com a desvantagem de não ter melhorado a disposição depois deste desabafo.
Depois disto, por favor digam-me qualquer coisa simpática, pelo menos para eu ficar mais bem disposta ao acordar!
(Imagem do Google)

sexta-feira, outubro 19, 2007

Contos de fadas

Texto retirado

domingo, outubro 14, 2007

À beira-mar




(Fotos, minhas)
Texto retirado

sexta-feira, outubro 12, 2007

À noite

Texto retirado

domingo, outubro 07, 2007

Porque hoje é um dia especial



De há vinte e cinco anos a esta parte que este dia é um dos mais felizes do ano. Tudo começou no dia 7 de Outubro de 1982. Já na véspera te tinhas feito anunciar mas, hesitante como sempre, quiseste deixar-me na expectativa por mais um dia. Chegaste para o fim da tarde e marcaste para sempre a tua entrada, mais uma vez hesitando, desta vez em respirar.

(Escusado será dizer-vos que era linda.)

Grandes olhos castanhos bem abertos para a Vida. Tudo no sítio como era desejável e uns pulmões bem resistentes que me fizeram perder o sono durante várias noites. Valeu-me a tua avó que assentou arraiais lá em casa durante os primeiros tempos ...

(Que seria de nós pais, sem esta instituição chamada de "avós"!!)

Como passaram depressa os primeiros anos ... (só mais tarde me dei conta) Veio a escola que foste percorrendo passo a passo. Subindo degrau a degrau. Veio uma mana para te alegrar os dias. Foste crescendo e eu também. Aprendendo em cada dia a ser uma mãe melhor para a filha melhor do mundo.

(Não te zangues "caçula"! Quando chegar a tua vez verás que também és a filha melhor do mundo)

És o abraço que me consola. A palavra que me anima. O ombro que me acolhe. Hoje e sempre a minha "primogénita preferida".

Parabéns filhota!



terça-feira, outubro 02, 2007

na vidraça


hoje à tarde choveu. muito . sentada à secretária deixei-me prender pelo chamado da chuva a cair. não escorria pela vidraça. o vento não estava de feição ou nem sequer havia vento. caía a direito. determinada. como num percurso previsto desde sempre. interpunha-se entre mim e os prédios tristes que encaro diariamente. distorcia as fachadas. desenhava-as de novo em contornos novos e surrealistas. e eu perdia-me entre o ecrã e a vidraça. entre a vidraça e o teclado. perdida entre a chuva que caía a direito e os pensamentos que se perdiam por caminhos nebulosos e poeirentos. hoje à tarde choveu. muito. não tanto como ontem choveu em mim. nem tão a direito como os pensamentos que ontem me derrubaram. por vezes a chuva é tanta dentro de mim que não me deixa ver o caminho e atolada não consigo prosseguir. apenas esbraçejo num pântano que me cega e tolhe. apenas morro num presente que cala o futuro. sobrevivo nesses dias na esperança de que o sono me leve. me presenteie com um dia novo. sento-me muito quieta no sofá do escritório e ali fico. como antes se dizia à espera que a crise passe. o dia vai caindo a pouco e pouco. a luz decrescendo. as sombras ganhando o espaço. os gatos adivinhando-me, sentam-se ao meu colo. rodeiam-me. olham-me com os olhos da alma. sentirão talvez. quem sabe o que sentem? sentirão em mim a desesperança desses dias pantanosos? sentem e calam o que reflicto. abraçam-me com a sua presença junto a mim. até que a noite apaga todos os contornos. até que eu consiga respirar de novo. hoje choveu. muito. depois as nuvens dissiparam-se e o sol fez evaporar as lágrimas que o céu verteu. sentada à secretária, perdida entre o teclado e o ecrã. entre a vidraça e os pensamentos. deixei apenas que o sol ganhasse o espaço. em mim também.
(Foto, minha)