sexta-feira, junho 29, 2007

Papel pardo

Texto retirado

domingo, junho 24, 2007

Sempre, os domingos!


(Imagem, minha)
Texto retirado

quinta-feira, junho 21, 2007

Os livros

Desde que me lembro, na minha vida sempre estiveram presentes. Os livros. Lembro-me da dispensa perdida da minha infância com as prateleiras cheias de velhos livros. Eram então os meus oito ou dez anos. Da velha colecção Cosmos eram inúmeros os exemplares. Nessa época não eram os meus preferidos mas revivo sempre as suas capas de cores vivas e páginas amarelecidas, quando todos os anos ainda os encontro em alguns stands da Feira do Livro. As Pupilas do Senhor Reitor e a Morgadinha dos Canaviais contam-se nos primeiros livros que recordo ter lido. Tardes de sonho, meia deitada no sofá da sala, e as páginas a correrem velozes sob os meus olhos.
Os primeiros que comprei e que ainda possuo são de uma velha colecção da Bertrand - Enigmas de todos os tempos. Letras brancas sobre capa preta. Ovnis, fenómenos paranormais, mundos esquecidos ou paralelos, eram os assuntos que mais desafiavam a minha curiosidade. A par vinham os romances. Literatura estrangeira a maior parte das vezes e a partir de certa altura, os livros proibidos. Mao, Engels, Lenine, quase sempre escondidos nas prateleiras mais esconsas de certas livrarias. A poesia atravessou a minha vida por ciclos e sempre a par com outras escolhas.
Livros, livros e mais livros. Os que já li e uma infinidade de outros ainda por ler. Neste momento atravesso uma fase de difícil concentração. Leio umas páginas e depois páro quando me apercebo que o meu espírito está noutro lado, bem longe de onde deveria estar. Assim sendo, os livros ficam mais tempo na mesa de cabeceira. Viajam durante mais tempo comigo. Alternam-se nas minhas mãos. Hoje pego no que estava a ler ontem e amanhã já me apetece ler outra coisa. São fases ... um dia passam e dão lugar a outra ... mais rica de palavras e concentração.
Toda esta conversa porque me desafiaram a citar os últimos livros que li e ao tentar desempenhar essa tarefa, me ter apercebido que têm sido poucos nos últimos tempos.
O desafio foi-me proposto pela Isabel do blog Bom Dia Isabel, pelo Afonso, do blog O Mundo em dois Minutos, o Luís Manuel do blog Heliasta e o da blog Trans-Atlântico.
Aqui vão:

- Aroma de Radhika Jha (lido de um fôlego)
- Quase gosto da vida que tenho de Pedro Paixão (volto sempre a este autor)
- As pequenas memórias de José Saramago (aqui a simplicidade da escrita)
- Los aires difíciles de Almudena Grandes (ainda em trânsito)
- Contos exemplares de Sophia de Mello Breyner (relido após tantos anos já)
- O Livro do Desassossego de Fernando Pessoa (de vez em quando mais um pouco)
- Kafka à Beira-mar de Haruki Murakami (aquele que me acompanha agora)
- Tempo de Cinza de Manuel Filipe (para ir degustando)

Acho que me deixei levar e citei demasiados mas em contrapartida não nomeio ninguém para me seguir.

Permitam-me ainda por fim, relembrar os Direitos Inalienáveis do Leitor

1º O direito de Não Ler
2º O direito de Saltar Páginas
3º O direito de Não Acabar um Livro
4º O direito de Reler
5º O direito de Ler Não Importa O Quê
6º O direito de Amar os "Heróis" dos Romances
7º O direito de Ler Não Importa Onde
8º O direito de Saltar de Livro em Livro
9º O direito de Ler em Voz Alta
10ºO direito de Não Falar Do Que se Leu

quarta-feira, junho 20, 2007

Partilha


Dizia Séneca que, "possuir um bem, sem o partilhar, não tem qualquer atractivo". Lembrei-me eu disto a propósito de algo que comigo partilharam, e quando digo partilharam, digo-o no verdadeiro sentido da palavra. Refiro-me a um livro - Tempo de Cinza - e ao seu autor, Manuel Filipe.
Desde há algum tempo que oiço falar de Manuel Filipe. Um poema num blog ... uma referência noutro ... mas o que é certo, é que nunca conheci ou sequer troquei algumas palavras com o autor. Daí a minha surpresa e a razão deste post. É que, também ele sem me conhecer, teve a amabilidade de me enviar um exemplar da referida obra tendo ainda escrito na primeira página, "para a Dulce, outra amiga que justificou a publicação deste livro".
"É apaixonante ver como o trabalho realizado em solidão se transforma numa experiência partilhada com muitíssimas pessoas que convergem num mesmo ponto" disse Paul Auster e mais uma vez este pensamento se aplica ao presente caso.
Resta-me deixar o meu agradecimento público ao autor e partilhar, desta vez com os que me lêem, um dos seus poemas.
Meu claro amor
Ao meu claro amor
não peço quase nada,
apenas a sua voz decantada pelos búzios
na madrugada.
(Citações do texto retiradas do Citador)

quinta-feira, junho 14, 2007

Resposta a um pedido


Pedes-me para escrever e eu procuro-me dentro das palavras.

Não sei se compreendes isto que te quero explicar. É que, para escrever, não basta pegar na caneta para logo as palavras dela escorrerem num automatismo mediúnico.

Não basta olhar para um ecrã vazio para que as ideias fluam e se convertam em gestos lógicos sobre o teclado.

Não sei se compreendes ... para mim não é fácil. Há que amadurecer a ideia como um fruto e depois esperar que caia - madura e apetecível. Há que lhe tomar o peso, sentir-lhe o aroma, dar-lhe a primeira dentada. E quantas vezes é deitada fora, quando me apercebo que o seu interior está impróprio para consumo ...

Não sei se compreendes ... É que há tanta coisa que posso dizer e tão pouca que posso contar.

Páro para melhor pensar nos últimos dias, mas deles prefiro nem falar. Não posso e não quero, ou corro o risco de me afundar de novo em toneladas de perguntas sem resposta. Não quero e não posso, pois me arrisco a mergulhar num denso caudal de mágoa.

Corro então à procura de outras lembranças há muito guardadas no baú das memórias. Chegada a este ponto interrogo-me sobre qual o caixote que vou abrir? O das más memórias que quero esquecer, ou o das memórias mais ou menos recordáveis? Não, hoje não me apetece estar a divagar sobre lágrimas e angústias ... bolorentas bolas de papel amarrotado jogadas a um canto.

Procuro as memórias de infância - aquelas que amareleceram ao longo destes anos mas que exalam ainda o odor doce dos cabelos encaracolados das crianças. Aquelas escritas em velho papel manteiga agora já ressequido e estaladiço. Este aqui fala da minha avó Generosa e aquele outro, - não! muitos! - do meu pai. Passo uma a uma estas recordações e distanciando-me, quase parecem não me pertencer.

(O que o tempo faz!! como transforma e dulcifica as lembranças! Como a distância se faz barreira e nos conduz a um novo olhar!)

Uma velha lenga-lenga esvoaça à minha volta - tão balalão, cabeça de cão - enquanto do velho caixote se desprendem e me seduzem as notas já ferrugentas de uma antiga canção de embalar.

À pressa ato as velhas fitas fugindo do que me persegue e ensonada perco-me por entre palavras que já sonho.

Pediste-me para escrever ...

Amanhã ... talvez amanhã ...

(Imagem do Google)

sábado, junho 09, 2007

Brincar de roda




Uma a uma dão-se as mãos.
Esta e aquela.
Aquela e a outra.
E outra e outra,
como gotas, afinal!

Uma a uma sorrateiras,
trocam tudo.
Esta e a outra,
a outra e aquela.
Como num jogo, afinal!

Uma a uma dão-se as mãos.
Rodopiam como loucas.
Onde estavas já não estás,
o que querias já não queres,
o que tinhas já não tens.
Como na vida, afinal!

Uma a uma dão-se as mãos,
enrolam-se em tropelias.
Troco esta, cai aquela,
trago outra, e outra ainda
sobe aos ombros da primeira
procurando o equilíbrio.

Uma a uma dão-se as mãos.
Sorrateiras rodopiam,
enredam-se em tropelias,
rodam, fogem,
trocam, saem
procurando a perfeição.

Quem diria que afinal,
é das palavras que falo!
Imagem do Google

quinta-feira, junho 07, 2007

Depois ...


Imagem: "O Grito", Edward Munch
Texto retirado

Concurso de Contos

Com a data limite no próximo dia 23 de Junho, está a decorrer um Concurso de Contos promovido por H. Sousa. Para mais esclarecimentos e envio dos respectivos contos é favor clicar Aqui .

... e reparem que 23 de Junho está quase !! Por isso ... apressem-se!!!