... e assim passam os dias ... mansamente ...
Tantas vezes refiro quão relativa é a passagem do tempo ...
Voam as horas, quando felizes,
arrastam-se penosamente os minutos quando aguardamos “o momento”.
Ao longe está a presença, o bem estar, a posse, e em seguida a perda ...
... essa brusca dor que desampara e derruba
... esse vazio que devora o sentimento, que arrasa e destrói a esperança.
De início vacilo - desmorono-me - as mãos cheias de pedaços de nada.
Busco no baú da vida vivida os sorrisos mais recentes,
o abraço da chegada,
as recordações que o tacto guardou ...
Está tudo lá.
Num turbilhão todos me abalroam e afundam num caudal tão imenso que me atira ao chão ... Procuro então uma âncora que me prenda a terra firme,
que me salve daquela maldita maré negra,
que me erga,
me ressuscite,
me faça esquecer.
Deixo que os dias, as horas, os minutos e os segundos se diluam num enorme espaço em branco. Engano a minha percepção percorrendo sem ver e a galope os dias da semana, sem pensar que assim também a vida se esgota ...
Porque um dia virá, em que sem quase dar por isso entrarei naquele túnel.
Toda a minha vida passará por mim,
já não penosamente,
já não lentamente
mas num ápice,
como estes pequenos/grandes instantes em que vivo.